Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

26 janeiro, 2007

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos

Ultimamente não há estórias para contar, contos para dizer. Aparentemente a Primavera chegou e entramos em velocidade de cruzeiro com tudo estabilizado e já não aparece ninguém capaz de pegar na lua e corta-la às fatias para a servir como sobremesa. Alguém dizia que veio o vento e levou a chuva, depois veio a chuva e levou o vento e agora temos este sol lindo de ver e viver. As manhãs estão frias, mas só a luminosidade já nos aquece. Para a semana, lá vai tudo recuar um pouco e começarmos o dia ainda com a noite a visitar-nos. Depois, tudo voltará a ser como hoje e o amanhecer ainda nos há-de surpreender deitados.

CANTO MOÇO

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nós vamos
à procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nós vamos
à procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá no cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca

JOSÉ AFONSO, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

"Tal cosmologia, apropriadamente chamada teoria do «big bang», sugere que a expansão é, de facto, a consequência de uma verdadeira explosão que teve lugar há muito tempo."

ROBERT JASTROW, in "A Arquitectuira do Universo"

"A «operação libertação» aumenta exponencialmente a crise da política, enquanto exercício do poder desvinculado da vontade popular. Mas é este mesmo desrespeito que está a provocar o renascimento de uma «outra» política, a que se apropria dos espaços públicos e reclama o fim da agressão."

JOSÉ MANUEL PUREZA e MIGUEL PORTAS, in "Manifesto", Abril de 2003

Porto, 25 de Março de 2004

25 janeiro, 2007

POEMAS


Também neste crepúsculo
te visitei
por entre os fantasmas
das árvores desenhadas na noite.
Um cântico gregoriano
ondulava suavemente
pelo vento
envolvendo-te o rosto
e esse olhar doce e meigo
vogava entre a magia da tarde.
A natureza trazia-te
em pétalas de alegria
em sons cuja melodia
pintava de fantásticos tons
esta música nocturna.
Também hoje
estiveste aqui.

09 de Janeiro de 2007

22 janeiro, 2007

SONHOS


Que serenidade imensa que nos acaricia o olhar e traz repouso à alma antes que a noite rebente, enorme e medonha com os seus fantasmas escuros. A vida deveria ser sempre assim com esta calma silenciosa, sobretudo, após um dia como o de hoje, pleno de vida, de sol, de beleza e tu aparecias nele por todo o lado, tu pousavas em tudo que era vivo e belo, tu fazias desabrochar a natureza em relâmpagos de cor e júbilo. Nem se tornava necessário imaginar-te, o teu rosto alegre voava em todas as direcções como girândolas de poesia cantada sobre as águas e beijei-te, percorri-te o corpo de beijos, enchi o sorriso de desejo, mas no fim, não estavas. Sim, tu não estavas, porque tu não és minha. Nem cheguei a perder-te, porque nunca te tive, apenas te imaginei, apenas passei por ti amando-te, enquanto as minhas flechas se perdiam no ar sem força para alvo tão belo e tão doce. Mas tu não és minha, por muito que te queira, por muito que as mãos te cubram o olhar com pétalas de rosas amarelas e te desenhe nos seios jardins de recordações. Mas o navio do teu corpo fundeia num mar onde não chegam as minhas águas cansadas. Tu não és minha, nunca foste, mas hoje estavas em todo o lado, em todo o espaço que me envolvia.

15.12.06

16 janeiro, 2007

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos de sempre

Não sei que hei-de dizer nesta manhã de chuva suave que parece ter tido o condão de amainar o frio. Estava a pensar em amores perdidos, os que foram, os que ficaram, os que acabaram e às vezes, os que nos cansaram. Sabem bem quando nos deixam uma pontinha de saudade, uma boa recordação, uma lembrança saudável, a lembrança de um tempo bonito e já largam um pouco de amargura os que nos fazem gritar de desespero na solidão nocturna. Um escritor cubano colocou numa das suas obras, o título, "A última mulher e o próximo combate". Antigo guerrilheiro na Bolívia, disse que era nisto que pensava entre duas batalhas. É verdade, é um pouco isso, mas prefiro pensar antes na próxima mulher, porque a próxima é sempre a mais bonita de todas.

A CANÇÃO DESESPERADA

Emerge a tua lembrança desta noite em que estou.
O rio junta ao mar o seu lamento obstinado.

Abandonado como os cais na madrugada.
É a hora de partir, ó abandonado!

Sobre o meu coração chovem frias corolas.
Ó porão de escombros, feroz caverna de náufragos!

Em ti se acumularam as guerras e os voos.
De ti bateram as asas os pássaros do canto.

Tudo devoraste, como faz a distância.
Como o mar, como o tempo. Tudo em ti foi naufrágio!

Era a hora alegre do naufrágio e do beijo.
A hora do estupor que ardia como um farol.

Ansiedade de piloto, fúria de mergulhador cego,
turva embriaguez de amor, tudo em ti foi naufrágio!

Eu fiz retroceder a muralha de sombra,
caminhei para além do desejo e do acto.

Ó carne, carne minha, mulher que amei e perdi,
a ti nesta hora húmida evoco e faço canto.

Como um copo albergaste a infinita ternura,
e o esquecimento infindo estilhaçou-se como um copo.

Era a negra, negra solidão das ilhas,
e ali, mulher de amor, teus braços me acolheram.

Era a sede e a fome, e tu foste uma fruta.
Era o luto e as ruínas, e tu foste o milagre.

Ah mulher, não sei como pudeste conter-me
na terra da tua alma e na cruz dos teus braços!

O desejo de ti foi o mais terrível e curto.
o mais revolto e ébrio, o mais tenso e ávido.

Cemitério de beijos, ainda tens fogo nas tumbas,
ainda as uvas ardem debicadas por pássaros.

Oh a boca mordida, oh os beijados membros,
oh os famintos dentes, oh os corpos trançados.

Oh a cópula louca de esperança e de esforço
em que nós nos juntámos e nos desesperámos.

E a ternura, leve como a água e a farinha.
E a palavra que quase nem nascia nos lábios.

Foi esse o meu destino e nele viajou a vontade,
e nele caiu a vontade, tudo em ti foi naufrágio!

De tombo em tombo ainda tu ardeste e cantaste.
Marinheiro de pé na proa de um navio.

Ainda floresceste em cantos, ainda rompeste em correntes.
Ó porão de escombros, poço aberto e amargo.

Pálido mergulhador cego, desventurado fundeiro,
Descobridor perdido, tudo em ti foi naufrágio!

É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite prende a todos os horários.

O cinturão ruidoso do mar abraça a costa.
Surgem frias estrelas, emigram negros pássaros.

Abandonado como cais na madrugada.
Apenas a sombra trémula se me torce nas mãos.

Ah para além de tudo. Ah para além de tudo.

É a hora de partir. Ó abandonado.

PABLO NERUDA, in "Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada"

"As estrelas são a fonte de energia pela qual todos os seres vivem. Quando a luz da última estrela se extinguir, a vida tem de acabar por todo o Universo.
Outra evidência sugere que o Universo se está a transformar de maneira irreversível. Todas as galáxias parecem estar a afastar-se umas das outras a grandes velocidades."

ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"

"O Império não abdica nem do protectorado nem do exclusivo sobre os contratos da reconstrução que, de um ou outro modo, serão suportados pelo petróleo. A dinâmica da escolha norte-americana não admite paragens, derrota ou compromissos. O Império foi apanhado pela sua própria vertigem."

JOSÉ MANUEL PUREZA e MIGUEL PORTAS, in "Manifesto", Abril de 2003

Porto, 24 de Março de 2004

15 janeiro, 2007

POEMAS


Em cenários tão belos
só posso dar asas à fantasia
aos voos mágicos
desse pássaro bonito
que transporta sonhos e desejos.
Tu estás aqui
nas águas serenas do rio
no verde da paisagem
nas muralhas do castelo
no horizonte aberto do oceano
na eternidade do tempo
tu és tudo, amada
és tudo.


Caminha, 15 de Dezembro de 2006

14 janeiro, 2007

SONHOS


Aqui venho de tempos a tempos juntar palavras em forma de poema exaltando o teu nome e a beleza dos gestos que transporta o teu corpo. Verte-se-me a alma de tristeza quando o teu comboio se afasta e duas luzes vermelhas se perdem no horizonte da noite. Como sinto o peso do dia a partir e as sombras da noite a chegarem embrulhadas no silêncio das solidões nocturnas. É como uma mensagem anunciadora de que já não estás e um pássaro cinzento plana largo e leve arrastando o mar para que não mostre o movimento das águas em murmúrios de cânticos baixos.
Por vezes, não respondes aos meus apelos ou quando lanço, desesperado, flechas de ânsia e de desejos contidos em platónicas missivas de alegria. Nesses momentos, sinto que és tudo, invades tudo e tudo és tu. Depois, a pouco e pouco o silêncio amansa esse grito imenso de ousadia, amarra ao cais os braços de rio que lanço em deltas amazónicos em direcção a ti. Adormeço esgotado, agarrado a uma imagem, a um olhar, a uma doce formosura rodando em torno deste meu escasso universo e que tento atrair para uma rota de gravitação onde te alcance em espirais de matéria apaixonada.

12.12.06

10 janeiro, 2007

POESIA AO AMANHECER


Olá!, Bom dia meus Amigos

É verdade, nem sei por onde começar. Ontem saí cedo e ia morrendo de frio, um imenso e gelado frio que nos arrefece a consciência e paralisa a vontade. Mas à saída fui atingido por um míssil, não daqueles assassinos, mas por um positivo, dos que nos põem a pensar, a reflectir e a escolher caminhos. Sempre disse que os amigos, são o melhor que temos. É difícil encontrá-los e devemos fazer tudo para não os perder. O inverno foi duro e esta paralisia da vontade agravou o meu pessimismo de sempre, mas sabem que para além dos meus protestos se esconde um fundo positivo, optimista até e que nunca deixo de olhar para a frente à procura do caminho que nos há-de levar à esperança e empurrar para tempos melhores. Pois, vivemos os tais 5 minutos de amargura anuais com essa coisa das remunerações variáveis, das classificações, enfim, todo um mundo onde uma certa mediocridade que nos rodeia tem oportunidade de se babar anualmente, mas passados esses 5 minutos, temos de continuar em frente, a vida está à nossa espera, o verão está aí não tarda nada e podemos voltar a sonhar. Não liguem pois apesar do meu pessimismo, continuo a acreditar e o sonho permanece como um arco íris sobrevoando um dia de chuva.

DE TARDE

Naquele piquenique de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter histórias nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampamos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

CESÁRIO VERDE

"Após haver consumido, no fim da sua vida, toda a sua energia nuclear, a estrela abate-se sobre o próprio peso. Quando se trata de uma estrela de pequena envergadura, esse declínio continua a processar-se até que toda a sua massa fica reduzida ao tamanho da Terra. Estas estrelas extremamente comprimidas, denominadas anãs brancas, têm uma densidade de dez toneladas por polegada cúbica (16,39 cm3). A anã branca irradia lentamente o resto do seu calor para o Espaço e acaba por mergulhar na escuridão.
Uma estrela de grande envergadura tem um destino diferente. A sua destruição final constitui uma catástrofe durante a qual se produzem temperaturas de vários milhões de graus e se consomem os últimos resíduos de carburante espalhados pela estrela, libertando um tal surto de energia que faz desagregar a estrela. A esta estrela que sofre uma autêntica explosão dá-se o nome de supernova."

ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"

"O século XII vê aparecer um grupo de poetas que criará uma em língua romance que supõe o nascimento da lírica moderna europeia. A sátira política e o amor, este tratado de uma forma explicitamente erótica, serão alguns dos seus temas mais destacados."

GEMA VALLÍN, in "El Mundo Medieval", nº 17
Porto, 23 de Março de 2004

08 janeiro, 2007

POEMAS


Faz frio
o sol brilha
o mar calmo, espraia-se
um casal, na amurada
amando-se.
Serenidade
e tu, só tu
permaneces
na minha memória.

13 de Dezembro de 2006


07 janeiro, 2007

LEITURAS


Existem momentos da vida em que sentimos que algo nos aconteceu, mas não identificamos de imediato o quê, nem a influência que no futuro terá na nossa vivência e nos nossos sonhos. Quando o meu quotidiano num já longínquo passado passou a conviver com a História de uma forma organizada, encontrei a cidade de Florença e um dos homens que pelas suas ruas e salões, fez brilhar a sua inteligência, como foi o caso de Giovanni Pico della Mirandola. Ao longo dos anos, ambos foram formando no meu pensamento uma vontade imensa de conhecer o espaço territorial onde se desenvolveram e foram grandes. Tanto desenvolvi a fantasia em torno da cidade italiana que quando falava era como se ali sempre tivesse vivido. Contudo, tudo o que fica para além das nossas fronteiras ficou sempre longe de mais para mim, daí que só com um grande apelo à imaginação, admitia a possibilidade de chegar a Florença. Uma certa ocasião quis o destino que me aproximasse o suficiente para supor que chegaria lá, mas por impreparação minha não passou de uma ilusão. Porém, em Maio passado num daqueles instantes em que esqueço que não tenho dinheiro, dei comigo de carro pela Europa fora e num Domingo de sol em que a temperatura rondava entre os 25 e os 30º encontro-me a sair de Veneza a caminho de Florença. Estrada ao longo do litoral Adriático, muito movimentada, tipicamente italiana, quer dizer, tráfego intenso, desordenado, requerendo atenção e cuidado. Apesar dos nossos olhos ainda se encontrarem no êxtase de tudo o que vínhamos vivendo naqueles últimos dias, o pensamento deslizava já para a cidade toscana. Em Porto Garibaldi, tentamos contornar o lago di Comacchio pelo interior como forma de nos apressarmos, mas acabamos num diálogo extraordinário num Café de S. Giovanni até percebermos por onde deveríamos alcançar a estrada de Ravenna, a qual contornamos pelo exterior com intenção de almoçar em Forli, mas o calor da Primavera e a cidade desconhecida incentivou-nos a continuar. Acabamos por almoçar nos Alpe di S. Benedetto. Uma hora depois, surge-nos Florença. Procurado o alojamento, deixamos espraiar o olhar pela cidade. O inacreditável estava ali ao alcance de uma mão. Ali estava a grandiosa cúpula de Brunelesco, a torre do Palazzo Vecchio. A alma navegava agora em sonhos na descida para o Arno e na sua travessia pela Ponte Vecchio na passagem pela Galleria degli Uffizi e chegada à Piazza della Signoria. Foi como se tivesse pousado na Idade Média em visita a Lourenço, “o magnífico” dos Médicis. A visita à catedral, a essa beleza extraordinária que é Santa Maria dei Fiore e o Baptistério com a sua deslumbrante Porta do Paraíso. Aguardamos a noite pelas ruas da cidade do Renascimento, como se também nós as tivéssemos calcado nesses dias em que a humanidade rompia as trevas do pensamento. No dia seguinte, ao partirmos, deixávamos um pouco da alma, nas margens do Arno, voltada para a cidade.
Uma semana depois, ao visitar a Feira do Livro, deparei com um livro titulado, “O Homem que sabia tudo”, no qual Catherine David nos contava a vida romanceada de Giovanni Pico dela Mirandola. Nascido em Mirandola, terra de Emília, percorreu a Europa e estabeleceu profundos laços de amizade com Lourenço de Médicis, grande senhor de Florença. Filósofo extraordinário acabou por morrer precocemente, deixando, no entanto, atrás de si uma obra valiosa e incontornável no estudo do Renascimento. A sua história romanceada pela escritora francesa, conduz-nos até ao apogeu de Florença, descrevendo-nos paralelamente a vida fascinante desse frade que acabou na fogueira e que se chamou Savonarola. Com eles, acabei de novo a viajar por Florença, não aquela que visitei, mas antes a que imaginei enquanto passeava por aquela que visitava.

05 janeiro, 2007

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Passaram bem o vosso fim de semana? Pois, estava agora a lembrar-me que acabei a tarde de ontem deitado no sofá tapado com um cobertor e a ver filmes. Um era com a Meg Ryan que é um rosto que me seduz. Estava cheio de frio. Enregelado. Ao meio-dia levantou-se uma nortada que nos incomodava ao ponto de nos paralisar de frio. Uma vez no inverno de 1973, ao visitar o porto de Leninegrado dei com um frio assim. Assim, não, muito, muito pior. Frio do Árctico, penetrava-nos no corpo e era como se nos limpasse os ossos da carne e dos músculos. Era como se nos víssemos a uma radiografia. Os ossos e o vento a passar pelo seu interior. Nesse dia não morri, mas acho que fiquei pronto e agora 30 anos depois qualquer vento me põe a sim. Provavelmente nunca cheguei a ver-me livre daquele vento.

A PRIMAVERA

Hão-de dizer-me - Insensatos!
Que tenha novos amores,
Que brilham já outros sóis,
De novo se abrem as flores...
E é o tempo dos rouxinóis.

E dirão inda depois:
Que a Primavera começa,
E andam aromas no ar,
Que nos sobem à cabeça,
Como um vinho singular.

E eu dir-lhes-ei: Que m'importa!
Faz frio, fechem-me a porta!
- Ela, o meu bem, meu abrigo,
Levou, desde que está morta,
A Primavera consigo.

GOMES LEAL

"Supõe-se que as estrelas nascem no seio das nuvens rodopiantes de hidrogénio que enchem a totalidade do Espaço."

ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"

"Há acontecimentos que mudaram o curso da história (pelo menos ocidental e já sabemos quão etnocentrista é esta), tanto pelas suas repercussões reais como pelo seu simbolismo. Um deles é a conquista de Bizancio pelos turcos a 29 de Maio de 1453, a qual não só significou o fim de uma instituição com mil de anos de existência como era o Império Romano do Oriente, senão que supôs também, pelas suas profundas consequências económicas, políticas, sociais, culturais e geográficas, o início de uma nova era, que temos dado em chamar a Idade Moderna."

JUAN CARLOS MORENO, in "El Mundo Medieval", nº 17

Porto, 22 de Março de 2004

04 janeiro, 2007

POEMAS


Vens visitar-me neste crepúsculo
de cinza e prata oceânicos
O teu olhar doce
Viaja na sombra das ondas
e desagua em terra
para aquecer
a minha alma solitária
O vento arrasta o frio
e traz até mim
esse olhar castanho e terno.

09 de Dezembro de 2006

03 janeiro, 2007

REFLEXÕES


Por vezes, é assim, olhamos os amigos de longe e sentimo-los perto, confiamos neles como se os tivéssemos conhecido sempre e a distância acaba por ser um elemento aglutinador, que nos aproxima mais do que um espaço e um olhar.
As palavras ganham outra dimensão, estas que são escritas e não faladas, que são lidas e não ouvidas e de quando em vez a imaginação conduz-nos para além do território na busca de alguém que sabemos estar pronto a ajudar-nos.
É assim a vida, surpreendente, que nas amarguras e nos infortúnios nos ajuda a descobrir amigos que pressentíamos, mas não conhecíamos. Depois é o tempo que corre e nós fugindo à frente, nesse receio de pensarmos que nos pode alcançar e quanto mais fugimos, mais nos perdemos e quando olhamos para trás, descobrimos que algo passou e já não pode voltar. Como escreveu o poeta…,
Também neste Outono, tu partiste…
É a madrugada dos silêncios que nos assalta e a solidão dos homens que perseguem sonhos, é a intolerância da vida que nos impede de amar o que é belo e nos afasta da contemplação do que merece ser olhado. Tantas coisas em redor e uma barreira invisível a deter-nos a vontade.

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