Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

27 dezembro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

É verdade, não é a primeira vez que as ideias me levam por esse mundo fora, mesmo que o conceito de mundo possa ser já ali ao dobrar da ponte e a experiência é mais que enriquecedora. Quantas vezes olhamos um conjunto de pessoas e descobrimos que por trás das aparências há um mundo escondido que por vezes explode quando menos esperamos e quantas vezes temos agradáveis surpresas. E o que é verdade para o conjunto, não o é menos para o individual. Eu que passo a vida a apaixonar-me pela beleza, pelo perfeito, seja em actos, seja em forma, quando menos espero, dou comigo cativado pela alma alheia, aquela que não vemos, não sentimos, nem olhamos e um dia por um motivo qualquer rebenta no peito daquele ser que parece insignificante à nossa frente e se revela um personagem extraordinário, quando não excepcional, cativante e verdadeiramente aliciante. Descobrir a vida é uma aventura, descobrir os seres humanos é uma aventura completa.

Pequena rosa,
rosa pequena,
às vezes,
diminuta e desnuda,
parece
que me cabes na palma da mão,
assim vou te colher
e levar-te à minha boca,
mas
de repente
os meus pés tocam os teus pés e a minha boca os teus lábios,
cresceste,
sobem os teus ombros como duas colinas,
os teus peitos passeiam pelo meu peito,
o meu braço alcança a rodear
a delgada linha de lua nova que tem a tua cintura:
no amor como água de amor te desataste:
meço apenas os olhos mais extensos do céu
e inclino-me à tua boca para beijar a terra.

PABLO NERUDA, "Os Versos do Capitão", in "Presentes de um Poeta"

"O pior não é a gente morrer, o pior é a gente ser capaz de matar...".

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in
"Tia Suzana Meu Amor"

"Na sua actual forma de organização, o futebol oferece um terreno privilegiado à afirmação das identidades colectivas e dos antagonismos locais ou regionais. É, sem dúvida, nessa capacidade mobilizadora e demonstrativa das pertenças que se deve procurar as razões da extraordinária popularidade deste desporto de equipa."

CHRISTIAN BROMBERGER, etnólogo, "Futebol: o revelador de tosas as paixões", in "Le Monde Diplomatique", Junho de 2004

Porto, 16 de Junho de 2004

13 dezembro, 2008

LEITURAS


Esta é a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo. Um dia, uma famosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr. Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas que nesse momento dramático lhe é obrigado a fazer: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota…Com a graça de uma fábula e a força de uma parábola, o grande escritor chileno oferece-nos neste seu livro uma mensagem de esperança de altíssimo valor literário e poético.


Luís Sepúlveda nasceu em 1949 no Norte do Chile, e tem percorrido quase todos os territórios possíveis da geografia e das utopias de Punta Arenas a Oslo, de Barcelona a Quito, da selva amazónica ao deserto da República Árabe Saráui, das celas de Pinochet aos barcos do movimento Greenpeace. Autor de uma obra multifacetada, que compreende contos, romances, peças de teatro e ensaios, têm-lhe sido atribuídos inúmeros prémios, de entre os quais se destacam o France-Culture para o melhor romance estrangeiro, o Relais-H para o melhor romamce de evasão e o Litérature de la Jeunesse para o melhor livro para jovens, todos respeitantes à obra O Velho que Lia Romances de Amor. Perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o Homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas esperanças.Em 2006, foi nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras de França.


Uma grata surpresa, este conto num Sepúlveda que apenas conhecia de um mundo mais profundo onde os sonhos e a aventura marcavam a vida e a contemplação do homem, mas esta descoberta vem lembrar-nos que o nosso primeiro sonho é o mundo das crianças e das histórias que as encantam, sobretudo quando transportam mensagens de um amanhã em que muitos de nós queremos acreditar.

11 dezembro, 2008

POESIA


Queria que as minhas palavras
fossem naus aventureiras
que sulcassem o teu olhar.

Queria que os meus cânticos
navegassem pelo teu sorriso
aberto e puro.

Queria que as minhas mãos
fossem remos em movimento
de carícia pelo teu rosto.

Mas só posso ir
até onde me chamares
e o teu silêncio
não me chama a lado algum.

Leça da Palmeira, 04.04.2008

06 dezembro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus bons Amigos

Pois é, no Sábado ao início da tarde atravessei a cidade e era uma festa, uma alegria e um mar de bandeiras. Os portugueses impulsionados pelo marketing descobriram um dos símbolos da pátria. Pena é que não os descubram quando nos roubam ou cerceiam a soberania. Por mim, gostei de ver, mas não pus bandeira. Os símbolos da pátria trago-os na alma e sempre os estimei o suficiente para um dia se for preciso, morrer por eles. Morrer é uma força de expressão, o que quer dizer, lutar pela sua dignificação, o resto é populismo com demagogia à mistura promovido por essa direita trauliteira que ocupa o poder e por meia dúzia de gente que descobriu uma forma de ganhar dinheiro. Mas foi bonito de ver.

NADA SE PODE COMPARAR CONTIGO

O ledo passarinho, que gorjeia
D'alma exprimindo a cândida ternura,
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia:

O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da aurora alegre e pura,
A rosa, que entre os zéfiros ondeia:

A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A deusa das paixões, e de Cítera:

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera,
"Nada se pode comparar contigo".

BOCAGE

"Mas a verdade é que foi ele que me ensinou que só se deve amar quem nos merece e ele não merecia ninguém."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"A partir de 12 de Junho tem início uma apaixonante época desportiva: O Campeonato da Europa de Futebol (até 4 de Julho), a Volta a França em Bicicleta (de 3 a 25 de Julho) e os Jogos Olímpicos de Atenas (de 13 a 29 de Agosto). No entanto, a mercantilização do desporto vai fazendo a festa desaparecer do desporto, conduzindo a uma valorização do culto da performance e a uma aceleração da corrida ao lucro. As virtudes humanistas do desporto servem muitas vezes para mascarar a tirania e a violência que lhe estão associadas."

JEAN-MARIE BROHM, MARC PERELMAN e PATRICK VASSORT, "O desporto entre humanismo e mercantilização-Os Heróis mitificados do Olimpismo, in "Le Monde Diplomatique, Junho de 2004

Porto, 14 de Junho de 2004

04 dezembro, 2008

LEITURAS


“A maria da graça – mulher-a-dias em Bragança esquecida do mundo – tem a ambição, não tão secreta como isso, de morrer de amor; e por essa razão sonha recorrentemente com a entrada no paraíso, aonde vai à procura do senhor ferreira, seu antigo patrão, que, apesar de sovina e abusador, lhe falou de Goya, Rilke, Bergman ou Mozart como homens que impressionaram o próprio Deus. Mas às portas do céu acotovelam-se mercadores de souvenirs em brigas constantes e são pedro não faz mais do que a enxotar dali a cada visita.
Tal como a maria da graça, todas as personagens deste livro buscam o seu paraíso; e, aflitas com a esperança, ou esperança nenhuma, de dia serem felizes, acham que a felicidade vale qualquer risco, nem que seja para as lançar alegremente no abismo.
o apocalipse dos trabalhadores é um retrato do nosso tempo, feito da precariedade e dessa esperança difícil. Um retrato desenhado através de duas mulheres-a-dias, um reformado e um jovem ucraniano que reflectem sobre os caminhos sinuosos do engenho e da vontade humana num Portugal com cada vez mais imigrantes e sobre a forma como isso parece perturbar a sociedade.”

valter hugo mãe nasceu em Angola, Saurimo, em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira, vive em Vila do Conde desde 1981. Licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Vencedor do Prémio José Saramago com o romance o remorso de baltazar serapião (QuidNovi). Autor também de o nosso reino (Temas & Debates), considerado pelo Diário de Notícias o melhor romance português editado em 2004.
A sua poesia encontra-se reunida no volume folclore íntimo (Edições Cosmorama), a sair ainda em 2008.

01 dezembro, 2008

POESIA


Esta é a hora da saudade
o tempo em que o teu olhar
é um oceano vivo
e abraça o sol.

Esta é a hora em que te recordo
com a leveza da primavera
transformada em planície
de flores.

Esta é a hora em que a dor magoa
a alma que recolhe os traços
ternos do teu rosto.

Esta é a hora em que o mar se imobiliza
o sol estende os braços de luz
e a vida tem apenas um rosto.

Leça da Palmeira, 02.04.08

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