Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

25 novembro, 2011

LEITURAS



Havana, Verão de 2003. Passaram-se catorze anos desde que o desencantado tenente Mário Conde abandonou a polícia. Durante esse tempo, Cuba sofreu muitas transformações e Mário Conde – agora mais velho e com mais cicatrizes na pele e no coração – ganha a vida com a compra e venda de livros em segunda mão. A descoberta fortuita de uma valiosa biblioteca permite-lhe sonhar com um negócio magnífico, capaz de aliviar as suas dificuldades financeiras, mas num dos volumes encontrados aparece uma folha de uma revista, na qual uma cantora de boleros dos anos 50, Violeta del Rio, anuncia a sua retirada no auge da carreira. Atraído pela sua beleza e pelo seu misterioso afastamento, Conde inicia por sua conta e risco uma investigação que irá trazer à luz um passado turbulento, entaipado há mais de quarenta anos, tal como a fabulosa biblioteca.
Considerado um dos mais significativos representantes da literatura cubana actual, Leonardo Padura regressa com A neblina do Passado ao convívio com o detective Mário Conde e à crónica literária da vida quotidiana em Cuba. Mas este romance é também uma viagem à vida nocturna e à música da Havana dos anos 50, ao mundo dos livros, e uma espécie de descida ao inferno do submundo da capital cubana.


Leonardo Padura romancista, ensaísta, jornalista e argumentista, Leonardo Padura nasceu em Havana em 1955, tendo-se licenciado em literatura Hispano-Americana na universidade da capital cubana. No catálogo ASA figuram já as suas obras Morte em Havana, Paisagem de Outono, Ventos de Quaresma (todos eles na colecção “Noites Brancas”), Adeus, Hemingway (na colecção “Literatura ou Morte”) e O Romance da Minha Vida (na colecção “Romance”). A sua obra foi distinguida com inúmeros galardões, entre eles o Prémio Café Gijón 1995 para Morte em Havana, o Prémio Dashiell Hammett da Associação Internacional de Escritores de Romances Policiais em 1998 e 2006 para Paisagem de Outono e A Neblina do Passado, respectivamente, o Prémio da Crítica de Cuba em 2000 para Paisagem de Outono, o Prémio Internacional de Romance “Casa Teatro de Santo Domingo” para O Romance da Minha Vida e o Prémio Buchkultur para o Melhor Romance Policial do Ano na Áustria, em 2004, para Ventos de Quaresma.


Leonardo Padura, cubano, conheci-o nas Correntes d’ Escritas, na Póvoa de Varzim, levou-me agora em viagem por uma Havana em três momentos, o do passado, anterior à revolução, o do presente próximo agravado pelo isolamento criminoso dos EUA e pelo amor que é sempre idêntico em qualquer tempo e regime, mas o amor aparece aqui em dois vértices, o dos humanos, esse amor que nos arrebata a alma e os sentimentos e ainda o amor pelos livros, esse amor humano pelas palavras e quanta falta nos fazem, as palavras, para o outro amor, pleno de gestos, de afectos e de ternura. Unindo tudo isto, passado e presente, amor e livros, os seres humanos no enredo de uma história policial. um polícia que já não é, o comércio dos livros como sobrevivência, uma biblioteca que se descobre e contém a riqueza suprema do original cujo valor se assemelha ao ouro e uma notícia guardada entre páginas a mostrar a beleza de uma jovem mulher “aquele corpo que parecia feito à mão, aquela cara que lhe dava um enorme poder sobre os homens, aquela voz um pouco rouca, que convencia desde a primeira vez”, a apelar à curiosidade, à procura e vai levar à aventura da descoberta e será com o conhecimento do presente que se desvendará o mistério do passado. Pelo meio, amizades verdadeiras e amores que vivem no romantismo dos dias onde as agruras se vencem com o saber e a vontade comum. Há ainda Havana, a cidade, o malécon que todos já ouvimos cantar, em verso e em prosa, debruçado ao longo do mar e com mil histórias guardadas por contar, os cubanos e as Caraíbas e por sobre alguns nichos de miséria, material e moral que nos é descrita, há também o sonho dos cubanos.

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