Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

09 setembro, 2011

LEITURAS


Abel Neves
Nasceu em Montalegre, em 1956. Tem uma obra vasta, compreendendo peças de teatro (Amadis, Touro, Terra, Amo-te, Atlântico, Finisterrae, Arbor Mater, Lobo-Wolf, El Gringo, Inter-Rail, Alem as estrelas são a nossa casa, SuperNova, Fénix e Kota-Kota, A Caminho do Oeste, Amor-Perfeito, Olhando o céu estou em todos os séculos, Provavelmente uma pessoa, Nunca estive em Bagdad, Madressilva, Qaribó, Ubelbas-Mutantes e Transumantes, Vulcão, Querido (Che), romances (Corações piegas, Cotovia, 1996; Asas para que vos quero, Cotovia, 1997; Sentimental, Asa, 1999; Centauros – imagens são enigmas, Asa, 2000; Precioso, Dom Quixote, 2006) poesia (Eis o amor a fome e a morte, Cotovia, 1998) e um ensaio que apresenta reflexões em volta do teatro (Algures entre a resposta e a interrogação), Cotovia, 2002).
Ao longo dos textos, o autor aborda com grande humanidade o valor que uma dimensão mais etérea deve ter na nossa existência. (…) Abel Neves quase nos faz desistir de percorrer esse caminho sinuoso e a concentrarmo-nos apenas no que a vida tem de mais simples. Essa é, por certo, a via mais fácil de trazer o sonho para junto de nós.
Acerca de Além das estrelas são a nossa casa
Site Grupo Cénico Quatro Ventos



Só pelo facto da história deste livro decorrer em Pitões das Júnias seria já motivo mais que suficiente para gostar de o ler, mas tem ainda uma história de amor, embora seja mais um amor perdido ou que está em fuga, de partida quando parecia que tinha chegado. Apenas uma palavra, escrita duas ou três vezes sem contexto que a justifique no âmbito do calão ordinário, choca, pelo desajustamento, quanto mais não fosse da paisagem, mas também do amor que se constrói, me deixou algo deslocado no interior do romance. Não me parece que essa palavra fosse necessária, nem a sua força dá relevo à relação, parece mais um momento de irracionalidade ou de raiva.
Uma história de amor mal contada, diz o autor. Talvez como todas as histórias de amor em que esse ser amado que divinizamos, abre asas e voa. Talvez, como acrescenta, se viva melhor o amor à distância, pelo menos, fica-nos na memória, pois o mais belo dos amores é o que não alcançamos. Gostei que dissesse que as mãos de uma mulher, reflectem o céu, diria eu, o céu e o mar. Retive-lhe ainda a afirmação que há mulheres cuja beleza é de tal grandeza que nos magoa e acrescentaria que nos magoam pela beleza e pela falta que nos fazem, e como senti, a despedida final. No entanto, por muito que nos custe o importante é sempre a felicidade de quem gostamos e, quantas vezes, não é com quem as ama que a alcançam, pois amar não chega, é necessário que o outro deseje ser amado.

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