POESIA AO AMANHECER
Bom dia, meus Amigos
Em Maio um amigo fez-me chegar a “notícias magazine” do dia um desse mesmo mês, pois teve a percepção que ia gostar de ler uma reportagem intitulada, “Até amanhã Mãe”. Guardei a revista no saco e esperei por melhores dias que é o mesmo que dizer, um momento de acalmia em que nenhuma pressa me toldasse a vontade e me prendesse o pensamento. A semana passada ao regressar de Lisboa e com a cadência regular do Alfa, decidi que era chegado o momento dessa leitura. A reportagem consistia na entrevista a quatro mulheres hoje na idade dos 60/70 anos que foram companheiras de dirigentes políticos clandestinos quando a adolescência começava a ganhar corpo adulto. Continuo a pensar que é lamentável que este país deixe perder lentamente um pouco da sua história, neste caso concreto, da sua história viva. Estas mulheres, hoje avós, então na flor na idade, sacrificaram a sua juventude, voluntariamente, é certo, em nome de um ideal, de um sonho, de um projecto humano colectivo. Um ideal de liberdade, um sonho de um viver melhor, um projecto de construção de uma sociedade de seres humanos dignos e livres. Foi uma vivência, amarga, dia-a-dia dramática, povoada de ansiedade, de medos, quantas vezes coroada com anos de prisão. Pelo meio os filhos, os que queriam ter, os que merecidamente tiveram e a infância destes feita de silêncios e segredos, mistérios que não entendiam e a separação como forma de segurança de todos, separação que em alguns casos foi de anos, de muitos anos. Pensar no Portugal de então a quarenta anos do nosso olhar e saber que essas mulheres que tanto ofereceram de si próprias em nome de uma caminhada comum, são hoje como sempre foram, pessoas simples na sua imensa grandeza, anónimas como sempre estiveram e, sabendo eu que nunca alguma coisa desejaram em troca, seria um acto de dignidade que a nação as compensasse moralmente, lhes reconfortasse a alma pelo esforço dedicado com que se entregaram a uma causa que era de todos. Ao ler as suas palavras ditas, quase admiradas por as terem descoberto, senti-me grato e reconhecido e, lembrei-me com amargura de tantos sábios que hoje nos falam de liberdade sem saberem o preço que ela teve.
Em Maio um amigo fez-me chegar a “notícias magazine” do dia um desse mesmo mês, pois teve a percepção que ia gostar de ler uma reportagem intitulada, “Até amanhã Mãe”. Guardei a revista no saco e esperei por melhores dias que é o mesmo que dizer, um momento de acalmia em que nenhuma pressa me toldasse a vontade e me prendesse o pensamento. A semana passada ao regressar de Lisboa e com a cadência regular do Alfa, decidi que era chegado o momento dessa leitura. A reportagem consistia na entrevista a quatro mulheres hoje na idade dos 60/70 anos que foram companheiras de dirigentes políticos clandestinos quando a adolescência começava a ganhar corpo adulto. Continuo a pensar que é lamentável que este país deixe perder lentamente um pouco da sua história, neste caso concreto, da sua história viva. Estas mulheres, hoje avós, então na flor na idade, sacrificaram a sua juventude, voluntariamente, é certo, em nome de um ideal, de um sonho, de um projecto humano colectivo. Um ideal de liberdade, um sonho de um viver melhor, um projecto de construção de uma sociedade de seres humanos dignos e livres. Foi uma vivência, amarga, dia-a-dia dramática, povoada de ansiedade, de medos, quantas vezes coroada com anos de prisão. Pelo meio os filhos, os que queriam ter, os que merecidamente tiveram e a infância destes feita de silêncios e segredos, mistérios que não entendiam e a separação como forma de segurança de todos, separação que em alguns casos foi de anos, de muitos anos. Pensar no Portugal de então a quarenta anos do nosso olhar e saber que essas mulheres que tanto ofereceram de si próprias em nome de uma caminhada comum, são hoje como sempre foram, pessoas simples na sua imensa grandeza, anónimas como sempre estiveram e, sabendo eu que nunca alguma coisa desejaram em troca, seria um acto de dignidade que a nação as compensasse moralmente, lhes reconfortasse a alma pelo esforço dedicado com que se entregaram a uma causa que era de todos. Ao ler as suas palavras ditas, quase admiradas por as terem descoberto, senti-me grato e reconhecido e, lembrei-me com amargura de tantos sábios que hoje nos falam de liberdade sem saberem o preço que ela teve.
INVERNO
Apagou-se a fogueira.
Que frio na lareira
Do coração!
Neva
Na solidão
Da vida.
E o vento traz e leva
Um recado de eterna despedida.
Amor! Amor!
Sei ainda o teu nome redentor,
Chamo ainda por ti a cada hora!
Arde outra vez em mim
Como ardias outrora,
Nos dias de ventura.
Não me deixes assim
Nesta algidez de morte prematura.
MIGUEL TORGA
Apagou-se a fogueira.
Que frio na lareira
Do coração!
Neva
Na solidão
Da vida.
E o vento traz e leva
Um recado de eterna despedida.
Amor! Amor!
Sei ainda o teu nome redentor,
Chamo ainda por ti a cada hora!
Arde outra vez em mim
Como ardias outrora,
Nos dias de ventura.
Não me deixes assim
Nesta algidez de morte prematura.
MIGUEL TORGA
Acusava-me de levar para o trágico preceitos que tantos exemplos desmentem, - e a moral humana não passa de um enorme compromisso. Meu Deus, não censuro ninguém: cada qual acalenta em silêncio os seus segredos e os seus sonhos, sem nunca o confessar, sem o confessar sequer a si próprio, e tudo se explicaria se acaso não mentíssemos.
MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”
MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”
“O Médio Oriente está em crise. Todos os indicadores económicos, sociais e políticos estão no vermelho, e a «Primavera árabe», tão celebrada pela comunicação social, tarda em concretizar-se. O regime sírio, obrigado a evacuar o seu exército do Líbano, está enfraquecido. A crescente força dos xiitas na região preocupa os dirigentes sunitas, nomeadamente os da Arábia Saudita e da Jordânia. Apesar da retirada israelita de Gaza, prevista para Agosto, a situação nos Territórios Ocupados continua explosiva, estando reunidos todos os ingredientes para uma nova Intifada. Mas, para Washington, há que preservar na mesma via e estender a toda a região a sua perigosa estratégia.”
WALID CHARARA “«Instabilidade construtiva» ”, in “Le Monde diplomatique”, Julho de 2005
Porto, 29 de Julho de 2005
WALID CHARARA “«Instabilidade construtiva» ”, in “Le Monde diplomatique”, Julho de 2005
Porto, 29 de Julho de 2005
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