Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

21 novembro, 2010

LEITURAS


Bem ao estilo de Gabriel García Márquez, este livro reúne sete histórias mágicas que reflectem a cultura sul-americana. As primeiras, um conjunto de seis contos fantásticos onde se misturam acontecimentos surreais e detalhes do quotidiano, contam-nos as alterações sofridas por pequenas e pobres povoações após estranhos acontecimentos que mudam a vida de todos os habitantes.
A última, a novela curta que dá título ao livro, conta a história de Eréndira, uma adolescente obrigada a prostituir-se pela própria avó para a recompensar das perdas decorrentes de um incêndio acidental – um bizarro mas poderoso exemplo do realismo mágico de García Márquez.

Este livro excepcional reúne a novela curta que lhe dá o título e outros seis contos, os quais, à excepção de «O Mar do Tempo Perdido» (1961), pertencem à fase de plena maturidade de Gabriel García Márquez, alcançada com Cem Anos de Solidão. Foram os anos em que Macondo lhe abriu as portas do realismo mágico, e estas narrativas são as primeiras provas deste novo mundo que o autor descobrira já completamente. A frase torna-se mais larga e caudalosa, a realidade expressa-se mediante fórmulas mágicas e lendárias, os milagres inserem-se na vida quotidiana e a prosa aproxima-se inevitavelmente do seu destino fatal: a poesia. A Cândida Eréndira e a sua avó desalmada personificam a inocência e a maldade, o amor e a sua perversão, e a narrativa lembra ao mesmo tempo as gestas medievais e as cantigas provençais ou trovadorescas, ainda que, como sempre, imersas nesse mundo denso e frutífero do Caribe americano.

Gabriel García Márquez nasceu em Aracataca, Colômbia, a 6 de Março de 1927. Considerado o pai do realismo mágico latino-americano, foi essencial para o reconhecimento da literatura americana em língua castelhana no resto do mundo, principalmente depois da atribuição do Prémio Nobel da Literatura, em 1982. O carácter universal da sua obra coloca-o entre os maiores nomes da literatura.
É autor de uma vasta bibliografia que a Dom Quixote tem vindo a publicar regularmente, incluindo o primeiro volume da autobiografia Viver para Contá-la, O Aroma da Goiaba (conversas com Plinio Apuleyo de Mendoza) e a reedição de Olhos de Cão Azul, com três contos inéditos em Portugal.

Que mais dizer de García Márquez, autor que me fascina há trinta anos, me deslumbra, me faz mergulhar nesse mundo do sonho e da fantasia, me fez perder de amores e engrandecer as mulheres amadas. Ao fim de tantos anos volto a reencontrá-lo numa leitura já quase totalmente lida. É o encanto de novo em cerca de cento e cinquenta páginas.

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