Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

02 dezembro, 2011

LEITURAS

Pontos que se bifurcam no caos, emoções que se propagam na sociedade como objectos fractais até ao infinito.
Em 1849 um italiano amigo de Garibaldi inventa um «telégrafo falante» em Havana. Chama-se António Meucci e é um génio absolutamente desprovido de sorte. Uma série de infortúnios usurpa-lhe o direito ao reconhecimento histórico e Graham Bell passa para os anais da história como o pai do telefone. Até que em 1993, o ano zero de Cuba, o ano de todos os apagões e de todas as carências, o ano em que os sonhos e o sexo se convertem nos únicos desideratos e prazeres de uma sociedade agastada, duas mulheres e três homens decidem entregar-se à demanda de um documento que devolva o inventor ao pedestal onde merece estar. Um labirinto de vontades que confluem no objectivo de encontrar um manuscrito e divergem no fim que lhe pretendem dar.



Karla Suárez nasceu em Havana, em 1969. É licenciada em Engenharia Electrónica profissão que continua a exercer. É autora de romances e contos. As suas obras estão traduzidas em vários idiomas, tendo algumas sido adaptadas à televisão e ao teatro em Cuba e em França. Foi diversas vezes bolseira de criação literária, e em 2007 foi seleccionada entre os trinta e nove jovens escritores mais representativos da América Latina. Depois de Roma e Paris, Karla Suárez vive actualmente em Lisboa.

Atrevo-me a escrever que este livro permite-nos uma leitura descontraída, há até um certo ar de brincadeira em toda a história que nos conta, e no entanto, um pouco por trás, quase sem darmos pela sua presença, o momento dramático da vida de um país, Cuba, no ano de 1993 quando quase tudo parou, após o colapso dos regimes socialistas da Europa de quem o país das Caraíbas tanto dependia, facto que aliado ao criminoso embargo dos EUA e aqui e ali algumas opções erradas na tentativa de construção de uma sociedade mais justa, naturais quando se experimenta, digamos, naturais se as soubermos corrigir, provocaram carências extraordinárias na sociedade e população cubanas, bem visíveis em alguns momentos do romance. Este é uma história de procura, de descoberta, de um documento, misturando-se relações humanas, amores, equívocos e no interior de tudo isto ficamos a conhecer, António Meucci, o verdadeiro construtor do telefone.

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