Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

12 julho, 2011

POESIA

Azul mar
brancas ondas
serenos navios
em viagem.
Sorrisos teus
alegrias minhas.
Olhos puros
formoso rosto.
Vida tua
amor meu.

11 julho, 2011

POESIA AO AMANHECER

Bom dia, meus Amigos

Falei-vos há dias das mulheres que viveram parte da adolescência e da sua vida, clandestinas ao lado de companheiros com os quais só uma parte do que a vida nos pode oferecer, era possível. Mas não vos disse tudo. Não vos disse porque prometi a mim mesmo que certas histórias haveriam de ficar para sempre onde estão. Contudo, a idade vai amolecendo o absoluto e faz transbordar alguns sentimentos, daí que vou contar-vos a parte que faltava. Como sabem vivi nas franjas daquela vivência escondida e quando lia a Revista que vos falei, um rosto chamou-me a atenção. Ao princípio pareceu-me demasiado nova para estar naquelas páginas, mas depois verifiquei que um certo ar jovem escondia mais de 60 anos e foi então que reconheci a Faustina. Em meados de Agosto na véspera de partir para a longínqua e mística Moscovo um desses clandestinos marcou-me um encontro nas ruas de Vila Nova de Gaia. Estava uma tarde calma e agradável sem grande calor. Conversamos enquanto caminhávamos e fui recebendo as instruções necessárias para viajar cinco mil quilómetros com documentos que não eram meus. Era um homem alto, forte, enorme face à minha frágil compleição física. Tinha de olhar para cima para o ver. Era um pouco nervoso, mas não perdia a calma. Enquanto ele estava preocupado com questões práticas ainda lhe coloquei uma pergunta sobre materialismo dialéctico. Aos vinte e um anos, lembramo-nos de cada uma nos momentos solenes… Mas respondeu, conforme soube, naturalmente, pois as suas preocupações não passavam por dúvidas filosóficas. Parti essa noite e ele por cá ficou nessa batalha quotidiana pela democracia e a liberdade. A 20 de Abril de 1974 foi preso. Foi o último preso político do fascismo. Cinco dias depois a revolução desceu ao Terreiro do Paço e ele nem queria acreditar que quem lhe abria a porta da prisão eram marinheiros do Corpo de Fuzileiros. Esperavam-no a Faustina, sua companheira de tantos anos e os filhos que já se preparavam para partir para longe dos pais. Encontrei-o em Julho quando regressei, mas os tempos eram já outros. Era de Colares ali para os lados de Sintra e creio que para lá foi viver, pois já não o encontro há uns bons vinte anos.

CANTIGA PARA PEDIR DOIS TOSTÕES

Nos carris
vão dois comboios parados
foste longe e regressaste
trazes fatos bem cuidados
E já pensas
em dourar o teu portão
se és senhor de dez ou vinte
és criado de um milhão
Regressaste
com um dedo em cada anel
e projectos num papel
e amigos esquecidos
Tempos idos
são tempos que voltarão
em que pedirás ao chão
os banquetes prometidos

Milionário que voltaste
dois tostões prós que abandonaste
Fazes pontes
sobre rios e valados
Mas quando o cimento seca
já morremos afogados
Fazes fontes
no silêncio das aldeias
e a sede é tal que bebemos
até ter água nas veias
Instituíste
guarda-sóis e manda-chuvas
lambe-botas, beija-luvas
pedras-moles e águas-duras
Inauguras
monumentos ao passado
que está morto e enterrado
entre naus e armaduras
Milionário que voltaste
dois tostões prós que atraiçoaste
Quanto a nós cantores da palidez
nosso canto nunca fez
filhos sãos a uma mulher
Nem sequer
passa mel nos nossos ramos
pois a abelha que cantamos
será mosca até morrer
Milionário que voltaste
dois tostões prós que atraiçoaste.

SÉRGIO GODINHO, in “O Nosso Amargo Cancioneiro”

Se o amor da mulher é digno de um respeito que o outro não merece, é porventura unicamente porque contém o futuro. Mas não é quando a vida aparece absurda e desprovida de sentido, que havemos de alegrar-nos em perpetuá-la.

MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”

“A vitória da lista apadrinhada pelo ayatollah Sistani nas eleições legislativas iraquianas fez surgir o medo de uma «ameaça xiita». No entanto, os debates no interior das comunidades xiitas reflectem antes do mais uma grande diversidade religiosa e política.”

AHMAD SALAMATIAN “Os xiitas divididos entre Teerão e Bagdad ”, in “Le Monde diplomatique”, Julho de 2005

Porto, 08 de Agosto de 2005

Free Web Counter
Site Counter