LEITURAS
Para quem era uma escrava na Saint-Domingue dos finais do século XViii, Zarité tinha tido uma boa estrela: aos nove anos foi vendida a Toulouse Valmorain, um fazendeiro rico, mas não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana, nem a asfixia e o sofrimento nos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e a conhecer as misérias dos amos, os brancos.
Zarité converteu-se no centro de um microcosmo que era um reflexo do mundo da colónia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde… e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela.
Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleães, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.
ISABEL ALLENDE nasceu em Lima, no Peru, em 1942, adquirindo, no entanto, a nacionalidade chilena. Trabalhou infatigavelmente como jornalista e escritora desde os 17 anos.
Publicou o seu primeiro romance, o sucesso mundial, A Casa dos Espíritos, em 1982, já no exílio, depois do golpe militar de Augustos Pinochet. Os seus livros estão traduzidos em mais de 30 idiomas e constituem um caso ímpar de sucesso. Muitos deles já foram adaptados ao cinema, teatro, ópera e ballet, conferindo-lhe uma brilhante trajectória literária que, com os anos, não deixou de aumentar o seu prestígio.
Todas as suas obras, A Casa dos Espíritos, Eva Luna, Contos de Eva Luna, De Amor e de Sombras, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, A Cidade dos Deuses Selvagens, O Reino do Dragão de Ouro, O Bosque dos Pigmeus, O Meu País Inventado, Zorro, O Começo da Lenda, Inês da Minha Alma e A Soma dos Dias, estão publicadas em Portugal, já com mais de 1 milhão de livros vendidos.
Actualmente, reside nos Estados Unidos, onde casou com um americano, e onde vivem também os seus filhos e netos.
Ler Isabel Allende é um prazer difícil de explicar. Após quase dois anos sem notícias suas, este livro vem trazer-nos um pouco da história dessa América importada de África em jornadas de vergonha da civilização humana e nem o argumento de que a época assim o justifica, o explica, o torna compreensível, atenua essa ignomínia branca que espoliou continentes e reduziu a vida humana à condição animalesca de ausência de direitos, de liberdade e de dignidade, tanto mais que a superioridade e riqueza económica hoje apresentada por um pretenso Ocidente assenta essencialmente neste roubo e infâmia secular. A escritora chilena pelo interior de vidas ficcionadas, da magia das palavras e do encanto com que lhe desenha as vidas conduz-nos pelo interior da Louisiana e do Haiti de há duzentos anos e traça-nos um quadro histórico que pese embora o romance afaste do rigor, não deixa de nos sensibilizar para uma realidade que, doutra forma, porventura, muitos não a alcançariam. Acabamos sempre os seus livros a pensar quando regressa com outro, com outra história, com novos personagens, com a maravilha das palavras.
Zarité converteu-se no centro de um microcosmo que era um reflexo do mundo da colónia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde… e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela.
Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleães, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.
ISABEL ALLENDE nasceu em Lima, no Peru, em 1942, adquirindo, no entanto, a nacionalidade chilena. Trabalhou infatigavelmente como jornalista e escritora desde os 17 anos.
Publicou o seu primeiro romance, o sucesso mundial, A Casa dos Espíritos, em 1982, já no exílio, depois do golpe militar de Augustos Pinochet. Os seus livros estão traduzidos em mais de 30 idiomas e constituem um caso ímpar de sucesso. Muitos deles já foram adaptados ao cinema, teatro, ópera e ballet, conferindo-lhe uma brilhante trajectória literária que, com os anos, não deixou de aumentar o seu prestígio.
Todas as suas obras, A Casa dos Espíritos, Eva Luna, Contos de Eva Luna, De Amor e de Sombras, O Plano Infinito, Paula, Afrodite, Filha da Fortuna, Retrato a Sépia, A Cidade dos Deuses Selvagens, O Reino do Dragão de Ouro, O Bosque dos Pigmeus, O Meu País Inventado, Zorro, O Começo da Lenda, Inês da Minha Alma e A Soma dos Dias, estão publicadas em Portugal, já com mais de 1 milhão de livros vendidos.
Actualmente, reside nos Estados Unidos, onde casou com um americano, e onde vivem também os seus filhos e netos.
Ler Isabel Allende é um prazer difícil de explicar. Após quase dois anos sem notícias suas, este livro vem trazer-nos um pouco da história dessa América importada de África em jornadas de vergonha da civilização humana e nem o argumento de que a época assim o justifica, o explica, o torna compreensível, atenua essa ignomínia branca que espoliou continentes e reduziu a vida humana à condição animalesca de ausência de direitos, de liberdade e de dignidade, tanto mais que a superioridade e riqueza económica hoje apresentada por um pretenso Ocidente assenta essencialmente neste roubo e infâmia secular. A escritora chilena pelo interior de vidas ficcionadas, da magia das palavras e do encanto com que lhe desenha as vidas conduz-nos pelo interior da Louisiana e do Haiti de há duzentos anos e traça-nos um quadro histórico que pese embora o romance afaste do rigor, não deixa de nos sensibilizar para uma realidade que, doutra forma, porventura, muitos não a alcançariam. Acabamos sempre os seus livros a pensar quando regressa com outro, com outra história, com novos personagens, com a maravilha das palavras.