POESIA AO AMANHECER
Bom dia, Amigos
Pois é verdade, o FC Porto lá ganhou. Por vontade de Deus e com a ajuda do árbitro, lá ganhou outra vez. Na hora do jogo, a cidade lá esteve rendida a esse sossego quase deserto dos serviços mínimos. A cidade, estava parada, ansiosa, a ver, a olhar para Manchester. Depois, foi a explosão de alegria de sempre, porque no Porto comemora-se tudo. Um dia se descerem ao Regional e ganharem vão comemorar também. Cada vitória, às vezes até uma derrota, comemora-se como se se ganhasse o campeonato. É a triste sina desta cidade. Não tem mais nada para comemorar. Dirigida por gente medíocre restam-lhe as vitórias do FC Porto. O Salgueiros não consegue sair do interior de Paranhos, o Boavista enreda-se naquele vozear do Presidente a seguir os caminhos do pai e, só resta mesmo o FC Porto a espalhar-nos pelo mundo. Depois há esta forma de expressão que me faz sucumbir à cidade (sabiam que Alvalade e Benfica são topónimos árabes? É verdade, mas estou a brincar porque ainda está por escrever o esplendor da presença árabe no território nacional), como dizia, que me faz não atravessar o rio e sentir aquela pontinha de orgulho de lá no fundo pertencer à comunidade. De resto, em mais lugar nenhum do mundo é possível dizer como se diz aqui, Bibó! o Porto.
RECUSO-ME
Recuso-me a ficar amolecido
Tragicamente cilindrado
E muito antes de lutar - vencido
E muito antes de morrer - violado.
Recuso-me ao silêncio e à mordaça
Serei independente, livre e emacto
A verdade é uma força que ultrapassa
A própria dimensão em que combato.
Recuso-me a servir a violência
Embora a minha voz de nada valha
Mas que me fique ao menos a consciência
De que tentei romper esta muralha.
Recuso-me a ter medo e a estiolar
Na concha dos poetas sem mensagem
Que me levem o corpo e a coragem
Mas que fique esta voz para cantar.
JOÃO APOLINÁRIO
"As estrelas pequenas tornam-se enrugadas e ressequidas e extinguem-se, enquanto as maiores desaparecem numa explosão gigantesca."
ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"
"A 17 de Fevereiro o Parlamento holandês aprovou, por larga maioria, a decisão de expulsar 26 mil estrangeiros sem papéis para países como a Tchetchénia, o Afeganistão e a Somália. Os defensores de uma política restritiva relativamente ao direito de asilo têm tido a colaboração de todos os governos europeus. Com a participação (materialmente recompensada) dos países de origem, implantam toda uma arquitectura destinada a exportar o «tratamento» dos refugiados, o qual passa pela abertura de campos e significa, a prazo, a morte do direito de asilo."
ALAIN MORICE, in "Le Monde Diplomatique", Março de 2004
Porto, 10 de Março de 2004
Pois é verdade, o FC Porto lá ganhou. Por vontade de Deus e com a ajuda do árbitro, lá ganhou outra vez. Na hora do jogo, a cidade lá esteve rendida a esse sossego quase deserto dos serviços mínimos. A cidade, estava parada, ansiosa, a ver, a olhar para Manchester. Depois, foi a explosão de alegria de sempre, porque no Porto comemora-se tudo. Um dia se descerem ao Regional e ganharem vão comemorar também. Cada vitória, às vezes até uma derrota, comemora-se como se se ganhasse o campeonato. É a triste sina desta cidade. Não tem mais nada para comemorar. Dirigida por gente medíocre restam-lhe as vitórias do FC Porto. O Salgueiros não consegue sair do interior de Paranhos, o Boavista enreda-se naquele vozear do Presidente a seguir os caminhos do pai e, só resta mesmo o FC Porto a espalhar-nos pelo mundo. Depois há esta forma de expressão que me faz sucumbir à cidade (sabiam que Alvalade e Benfica são topónimos árabes? É verdade, mas estou a brincar porque ainda está por escrever o esplendor da presença árabe no território nacional), como dizia, que me faz não atravessar o rio e sentir aquela pontinha de orgulho de lá no fundo pertencer à comunidade. De resto, em mais lugar nenhum do mundo é possível dizer como se diz aqui, Bibó! o Porto.
RECUSO-ME
Recuso-me a ficar amolecido
Tragicamente cilindrado
E muito antes de lutar - vencido
E muito antes de morrer - violado.
Recuso-me ao silêncio e à mordaça
Serei independente, livre e emacto
A verdade é uma força que ultrapassa
A própria dimensão em que combato.
Recuso-me a servir a violência
Embora a minha voz de nada valha
Mas que me fique ao menos a consciência
De que tentei romper esta muralha.
Recuso-me a ter medo e a estiolar
Na concha dos poetas sem mensagem
Que me levem o corpo e a coragem
Mas que fique esta voz para cantar.
JOÃO APOLINÁRIO
"As estrelas pequenas tornam-se enrugadas e ressequidas e extinguem-se, enquanto as maiores desaparecem numa explosão gigantesca."
ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"
"A 17 de Fevereiro o Parlamento holandês aprovou, por larga maioria, a decisão de expulsar 26 mil estrangeiros sem papéis para países como a Tchetchénia, o Afeganistão e a Somália. Os defensores de uma política restritiva relativamente ao direito de asilo têm tido a colaboração de todos os governos europeus. Com a participação (materialmente recompensada) dos países de origem, implantam toda uma arquitectura destinada a exportar o «tratamento» dos refugiados, o qual passa pela abertura de campos e significa, a prazo, a morte do direito de asilo."
ALAIN MORICE, in "Le Monde Diplomatique", Março de 2004
Porto, 10 de Março de 2004
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