POESIA AO AMANHECER
Olá! meus Amigos
Pois é verdade, escapuli-me uma semana. Fui tratar dos homens de 1383. Cada vez me sinto mais apaixonado por aqueles construtores da história, por aquela gesta libertadora que nos catapultou para o mundo. Provavelmente nunca mais esta pátria que então nascia viu gente com horizontes tão largos. Num mundo fechado, em que o religioso abafava o profano com a sociedade encerrada no interior das muralhas ou dos senhorios, foram capazes de se levantar e qual heróis, escrever páginas de glória que hoje 600 anos depois só nos podem orgulhar. Depois, a história tem destas coisas que é seis séculos após, podermos esmiuçar a vida e o pensamento de tantos deles, fazendo até juízos de valor sobre o que pensaram e porque agiram.
Isolei-me que é algo fácil em minha casa. Passei horas seguidas a olhar para os livros e só interrompia de longe a longe para passear com o Galileu e o Tonecas por entre a floresta do meu jardim. Cansado pela falta de hábito, mas gostei.
Nesse isolamento, preferi não ver televisão, nem ler os jornais para não me perturbar. Quando "acordei" os israelitas andavam a derrubar casas e a matar palestinianos com a impunidade que o mundo lhes concede. É um autêntico genocídio e só se distingue dos crimes nazis porque é mais dilatado no tempo e os campos de concentração são cidades inteiras. Não só matam com balas como matam psicologicamente, aniquilando a estrutura moral de todo um povo, através da destruição sistemática e quotidiana das casas e das estruturas básicas. Ontem ao chegar ao Café e olhar para a televisão, deparei com o bombardeamento aéreo de uma manifestação de gente desarmada e não pude esconder um grito de desespero e de impotência. Até quando, assassinos?
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria,
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas,
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos,
Se eu morresse amanhã!
ÁLVARES DE AZEVEDO
" - É bom ter um amigo, mesmo quando se está para morrer."
ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"
"Alberto intui que as categorias não estão aí apenas para ajudar a organizar a cognição. "Preto" não é apenas a outra face da moeda de "branco"; "preto" é a face de baixo, com menos valor, da moeda. Foi-lhe dito que a humanidade se divide em várias "raças". Tal como os cães, a diferentes raças, corresponderiam diferentes características, só que estas características não são atributos neutros mas antes capacidades e incapacidades, coisas boas e coisas más."
MIGUEL VALE DE ALMEIDA, "O Manifesto do Corpo", in "Manifesto", Abril de 2004
Porto, 20 de Maio de 2004
Pois é verdade, escapuli-me uma semana. Fui tratar dos homens de 1383. Cada vez me sinto mais apaixonado por aqueles construtores da história, por aquela gesta libertadora que nos catapultou para o mundo. Provavelmente nunca mais esta pátria que então nascia viu gente com horizontes tão largos. Num mundo fechado, em que o religioso abafava o profano com a sociedade encerrada no interior das muralhas ou dos senhorios, foram capazes de se levantar e qual heróis, escrever páginas de glória que hoje 600 anos depois só nos podem orgulhar. Depois, a história tem destas coisas que é seis séculos após, podermos esmiuçar a vida e o pensamento de tantos deles, fazendo até juízos de valor sobre o que pensaram e porque agiram.
Isolei-me que é algo fácil em minha casa. Passei horas seguidas a olhar para os livros e só interrompia de longe a longe para passear com o Galileu e o Tonecas por entre a floresta do meu jardim. Cansado pela falta de hábito, mas gostei.
Nesse isolamento, preferi não ver televisão, nem ler os jornais para não me perturbar. Quando "acordei" os israelitas andavam a derrubar casas e a matar palestinianos com a impunidade que o mundo lhes concede. É um autêntico genocídio e só se distingue dos crimes nazis porque é mais dilatado no tempo e os campos de concentração são cidades inteiras. Não só matam com balas como matam psicologicamente, aniquilando a estrutura moral de todo um povo, através da destruição sistemática e quotidiana das casas e das estruturas básicas. Ontem ao chegar ao Café e olhar para a televisão, deparei com o bombardeamento aéreo de uma manifestação de gente desarmada e não pude esconder um grito de desespero e de impotência. Até quando, assassinos?
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria,
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas,
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos,
Se eu morresse amanhã!
ÁLVARES DE AZEVEDO
" - É bom ter um amigo, mesmo quando se está para morrer."
ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"
"Alberto intui que as categorias não estão aí apenas para ajudar a organizar a cognição. "Preto" não é apenas a outra face da moeda de "branco"; "preto" é a face de baixo, com menos valor, da moeda. Foi-lhe dito que a humanidade se divide em várias "raças". Tal como os cães, a diferentes raças, corresponderiam diferentes características, só que estas características não são atributos neutros mas antes capacidades e incapacidades, coisas boas e coisas más."
MIGUEL VALE DE ALMEIDA, "O Manifesto do Corpo", in "Manifesto", Abril de 2004
Porto, 20 de Maio de 2004
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home