Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

25 agosto, 2008

POESIA AO AMANHECER


Olá! meus Amigos

Cá estamos de novo na serenidade destes dias primaveris.
Chegam-nos do Iraque notícias de assassínios e de torturas e vejo um conjunto de pessoas admiradas como se fosse uma anormalidade. Convenhamos, isso sempre foi a prática dos Estados Unidos, ditos "América". Desde o início. Desde a chacina dos autóctones, hoje chamada genocídio. Aquele é o único território que não pode ser descolonizado porque os colonizados foram eliminados. Os poucos que restam vivem em reservas como atracção turística. O resto da história são invasões de tudo o que é país na América Latina com um cortejo de mortes atrás. No Panamá existia uma dita Escola das Américas onde foram treinados todos os oficiais e torturadores dos governos ditatoriais latino-americanos com especial realce para os do Cone Sul, chilenos, bolivianos, paraguaios, argentinos e brasileiros. O Haiti e a República Dominicana foram invadidos diversas vezes e até a minorca ilha de Granada não escapou para evitar aquilo que os estrategos chamam de efeito dominó. O México ficou sem as suas províncias do Texas, Novo México, Califórnia e mais uma ou duas. Depois veio o Vietname o apogeu de tudo. Foi um morticínio de 1 milhão de pessoas pelos números mais baixos. Hoje é o Iraque. Um ano depois, há menos democracia que no tempo do ditador, há mais presos políticos, mataram mais gente que o ditador e cometem-se os mesmos assassínios e as mesmas torturas. Só que agora é em nome da liberdade. É uma farsa. No meio tiveram ainda essa intervenção "humanitária” onde levaram ao poder a chamada guerrilha Kosovar, bandos de contrabandistas de armas e de negócios de droga e de prostituição, expulsaram 300.000 sérvios e outros povos, mais uma vez em nome da liberdade.
Sejamos francos, a elite que governa em Washington é do ponto de vista moral, escória da sociedade, é gente que se o mundo fosse sério os julgava em Tribunal marcial. O resto é fogo de artifício. Terra da liberdade? É possível, mas de quem? Terra da democracia? Talvez, mas quem beneficia dela? Como dizia um certo sábio, uma questão mal colocada, só pode ter uma resposta errada. É tempo de colocarmos as questões certas.

"Por ti junto aos jardins de flores novas
me doem os perfumes da Primavera.
Esqueci o teu rosto, não me lembro das tuas mãos,
como beijavam os teus lábios?
Por ti amo as brancas estátuas adormecidas nos parques,
as brancas estátuas que não têm voz nem olhar.
Esqueci a tua voz, tua voz alegre, esqueci-me dos teus olhos.
Como uma flor ao seu perfume, estou atado à tua lembrança
imprecisa. Estou perto da dor como uma ferida,
se me tocas me causarás um dano irremediável.
Não me lembro mais do teu amor e no entanto te adivinho
atrás de todas as janelas.
Por ti me doem os pesados perfumes do estio:
por ti volto a espreitar os signos que precipitam os desejos,
as estrelas em fuga, os objectos que caem."

PABLO NERUDA, "Para nascer, nasci", in "Presentes de um Poeta"

" - Só as crianças é que sabem do que andam à procura - disse o principezinho."

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"

"Desde Fevereiro de 2003, a região de Darfur, na parte Nordeste do Sudão, vem sendo dilacerada por um conflito político-económico que provocou já a morte de vários milhares de pessoas e em êxodo maciço de refugiados para o Chade. Esta catástrofe humanitária, a propósito da qual as Nações Unidas falam de «limpeza étnica», é muitas vezes eclipsada pelas frágeis conversações de paz entre o Norte árabe-muçulmano e o Sul cristão e animista, em confronto desde 1983 por causa do maná petrolífero. Em Darfur, de onde foram banidas a imprensa internacional e as organizações humanitárias, os combates assassinos recordam que a paz no Sudão não é apenas uma questão Norte-Sul mas uma equação nacional."

JEAN-LOUIS PÉNINOU, "Desolação em Darfur", in "Le Monde Diplomatique", Maio de 2004

Porto, 11 de Maio de 2004

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