Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

27 julho, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Acho que não vos disse que ia estar ausente dois dias. Fui a uma reunião do Secretariado do Comité Europeu e venho tão cansado que não consigo movimentar as ideias.
Cheguei a Madrid numa manhã de chuva e de frio e enquanto avançava para o centro da cidade pensava naquilo que escrevi há dois meses sobre os acontecimentos do 11M. Sei que temos de seguir em frente, mas o mundo já esqueceu tal como então escrevi. Os mortos foram enterrados e continuamos alheios aos outros que todos os dias vão morrendo, seja no Iraque ou na Palestina. É o mundo em que vivemos. A cidade parece apaziguada, consigo e com o mundo, mas é possível que seja só aparência. Por mim, continuo a sofrer um pouco em cada dia por aqueles que morrem em nome da injustiça da desigualdade, da brutalidade e da violência dos senhores do mundo. Tento fazer a minha parte, lutar com a palavra até que a voz me doa e com acções até que as forças mo permitam. E acredito, acredito mesmo, que um dia o mundo há-de ser diferente.

TALVEZ UM DIA...

Estou numa sala do aeroporto
e lembro-me de ti
Vejo o entardecer por sobre o verde das árvores
franjas de cinza iluminadas pela alegria do teu rosto;
ou é o sol que se estende caindo no horizonte?
Prefiro que seja o brilho do teu olhar
semeando esperança entre os meus sonhos adormecidos
enquanto acaricio esses cabelos da cor do Verão
e polvilho de ternura os limites da tua pele.
Isolo-me do ruído que me rodeia
para pensar que a tarde que adormece no exterior
se assemelha à serenidade da tua presença.
Eu sei que te amo, mas não o posso dizer.
Vou-te seduzindo com a inocência de uma criança
e a ingenuidade dos adultos que ainda acreditam.
Talvez um dia, repares no brilho deste olhar cansado
talvez um dia te deixes levar pelas águas de uma corrente
que já não chega ao mar.
Talvez um dia, possas repousar abraçada
a esta canção de embalar.
Talvez um dia,
te possa levar a ver as estrelas...

PABLO MIRANDA

" - Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa..."

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"

"Numa sociedade marcada pela menoridade cívica, a participação popular no processo revolucionário de 1974-75 é um fenómeno, antes de mais, dificilmente pensável. Tanto assim é que a legitimação do regime democrático que sucedeu à revolução refere esse seu momento genético como um excesso."

LUÍS TRINDADE, "Os Excessos de Abril", in "História" nº 65, Abril de 2004

Porto, 07 de Maio de 2004

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