POESIA AO AMANHECER
Bom dia, Amigos
Pois é verdade, há três dias que não vos visitava. Na 4ª Feira decidi ir por aí abaixo, usufruindo estes amanheceres quase tranquilos e cheguei tarde (é só meia verdade) e ontem fui até à capital que é uma viagem que devemos fazer de vez em quando para continuarmos a ter a certeza de que o Porto é muito bonito. Não vou escrever muito, porque estou cansado. Tomei, ontem, um comprimido para dormir e acordei acordado com uma crise do nariz.
MENINO DO BAIRRO NEGRO
Olha o sol que vai nascendo
Andar ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
..............
Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
..............
JOSÉ AFONSO, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"
" - Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. às quatro em ponto já hei-se estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-se começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... São precisos rituais."
ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"
"Maio de 2003: a rapidez com que se concretizara a ocupação do Iraque (à custa de bombardeamentos devastadores sobre estruturas materiais e populações civis) enchia de júbilo arrogante os próceres do "império" e seus fiéis capatazes "mediáticos" em diversos países, entre os quais Portugal. O sofisma da "democracia da bomba" constitui uma violência tão flagrante à inteligência das pessoas que a grande maioria dos "media" televisivos, enquanto durava a "intervenção humanitária", não podia sequer dar-se ao luxo de permitir que os seus comentadores convidados (alguns de peito medalhado) fossem confrontados com qualquer opinião diferente, mesmo que timidamente expressa."
RONALDO FONSECA, "A agressão militar no Iraque", in "Ideias à Esquerda", nº 3
Porto, 30 de Abril de 2004
Pois é verdade, há três dias que não vos visitava. Na 4ª Feira decidi ir por aí abaixo, usufruindo estes amanheceres quase tranquilos e cheguei tarde (é só meia verdade) e ontem fui até à capital que é uma viagem que devemos fazer de vez em quando para continuarmos a ter a certeza de que o Porto é muito bonito. Não vou escrever muito, porque estou cansado. Tomei, ontem, um comprimido para dormir e acordei acordado com uma crise do nariz.
MENINO DO BAIRRO NEGRO
Olha o sol que vai nascendo
Andar ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
..............
Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
..............
JOSÉ AFONSO, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"
" - Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. às quatro em ponto já hei-se estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-se começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... São precisos rituais."
ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"
"Maio de 2003: a rapidez com que se concretizara a ocupação do Iraque (à custa de bombardeamentos devastadores sobre estruturas materiais e populações civis) enchia de júbilo arrogante os próceres do "império" e seus fiéis capatazes "mediáticos" em diversos países, entre os quais Portugal. O sofisma da "democracia da bomba" constitui uma violência tão flagrante à inteligência das pessoas que a grande maioria dos "media" televisivos, enquanto durava a "intervenção humanitária", não podia sequer dar-se ao luxo de permitir que os seus comentadores convidados (alguns de peito medalhado) fossem confrontados com qualquer opinião diferente, mesmo que timidamente expressa."
RONALDO FONSECA, "A agressão militar no Iraque", in "Ideias à Esquerda", nº 3
Porto, 30 de Abril de 2004
1 Comments:
Uhmmm, tou a gostar da "tua" poesia...Beijo
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