Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

07 abril, 2008

LEITURAS


No estado espanhol é o juiz Baltazar Garzon que diz o que é e o que não é democrático e em nome de combater a estupidez da ETA, reduz o País Vasco a um debate onde apenas falam as pedras. Já não chega apoiar o terrorismo, basta que o juiz entenda que lhe pareça que podem estar a apoiar. A presunção de inocência desapareceu no estado espanhol. Só que este juiz justiceiro marcha a toque de tambor do Partido Popular e das campanhas eleitorais que se desenvolvem no estado. A isto chama-se democracia. É o governo deste mesmo estado que nega a autodeterminação aos povos que o compõem que não hesitou um segundo em reconhecer as independências das nações que resultaram da destruição da Jugoslávia, mesmo quando se tratou de nações inexistentes como é o caso da Bósnia-Herzegovina.
Desde o início da década de noventa procurei seguir e conhecer o drama dos povos jugoslavos. Diversos trabalhos de jornalistas portugueses demonstraram que a diabolização do povo sérvio e do seu presidente visavam a fragmentação da Jugoslávia, primeiro e da Sérvia depois. O processo continua.
Em Novembro último, apareceu nas bancas mais um trabalho sobre a tragédia que continua a desenrolar-se nos Balcãs. Em “O Sobrevento Jugoslavo”, o seu autor, José Manuel Arsénio, pretende relatar “a tragédia balcânica” que presenciou. Ingressado na carreira diplomática em 1974 é ainda um alto quadro do M.N.E.. Foi chefe da delegação portuguesa junto da Missão de Monitores da Comunidade Europeia, em Zagreb entre fins de 1992 e meados de 1995. É, portanto, o depoimento de um homem bem colocado no terreno e insuspeito do ponto de vista de uma visão que pudesse favorecer os sérvios e Milosevic.
O seu trabalho é uma obra incontornável para se compreender a manta de mentiras que cobriram o conflito que envolveu os povos da antiga Ilíria. Com palavras simples e num tom dialogante e compreensivo, arrasa o papel dos Presidentes da Croácia e muçulmano da Bósnia Herzegovina, para além das mentiras que emanavam dos governos inglês, francês e alemão, e ainda das manobras maquiavélicas dos EUA. Os intrujões do Iraque treinaram-se aqui. Quando em Dayton os sérvios da Bósnia são colocados de joelhos com a colaboração de Milosevic, contrariamente à imagem que deste sempre foi passada, ainda se construíram monstruosidades como o massacre de dez mil muçulmanos da cidade de Srebrenica o qual ainda hoje continua a ser passado como se de uma verdade se tratasse. Este embaixador chamou-lhe, “a mitificação”. Para uma melhor compreensão deste cenário, ou de como é possível, inventar tragédias para destruir adversários, povos e nações, nada melhor que citar o autor: “Numa guerra de tão sanguinolenta confrontação interétnica, em que foram impiedosamente acometidos inúmeros agregados humanos – desde a destruição de Vukovar até à devastação de Knin, passando pelo derribamento do sector muçulmano de Mostar e das cidades croatas no Vale do Lasva, com extensão aos morticínios de Tuzla e da bolsa de Pakrac, sem esquecer os massacres de Stupni Do, de Doljan e das aldeias sérvias da bolsa de Medak (para evocar apenas alguns exemplos) -, o insistente clamor político e mediático em torno de Srebrenica, erguido por certos países ocidentais, teve o claro objectivo de abominar os sérvios, proteger os muçulmanos e eximir os croatas, com o intuito de insuflar na psique colectiva das opiniões públicas um generalizado sentimento condenatório dos sérvios, (…) Colhe-se, assim, a sensação de que os Estados Unidos, mais do que tentarem demonstrar que a população de Srebrenica fora alvo de um massacre, antes se preocuparam em suprimir as provas de que tal massacre jamais havia ocorrido. (…) No tocante a Srebrenica, pelo contrário, todos os dados vindos a lume permaneceram sempre envoltos em névoas de incerteza, dúvida e imprecisão, com o número de mortos a ser apurado por um mui questionável método de aproximação por excesso, com base em provas materiais e documentais que pecavam largamente por defeito.”
A Europa encontra-se a ser governada por políticos miseráveis que roçam o crime. No território da Jugoslávia montaram uma farsa que não pôde impedir os povos de conhecer a verdade dos factos. Porém, nem assim se coibiram. Quatro anos depois, devastaram a nação sérvia e posteriormente assassinaram aquele que havia sido seu presidente numa das prisões do império quando as declarações deste ameaçaram fazer ruir o castelo de areia que tinham erguido.
A farsa continua hoje com a chamada declaração de independência de um estado que não existe a que deram o nome de Kosovo. Agora, finalmente o estado espanhol percebeu que o tecto lhe podia cair em cima da cabeça e recuou atabalhoadamente.
Há quem chame a tudo isto democracia, ou que esta possa justificar todas as torpezas. São opiniões.

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