Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

24 setembro, 2007

POESIA


Crepúsculos


Olho o mar com olhar ausente
fixo, triste, só
as ondas vão e vêm, vêm e vêm
nesse movimento perpétuo, sem descanso
como todos os combates pelos sonhos
nuvens cinzentas paradas sob um fundo vermelho
gaivotas parando sob as rochas
paisagem serena, outonal e solitária
e este silêncio, este silêncio
interior e exterior
e as lágrimas a inundarem a alma
com esse lamento que nos oprime.
A ternura parece uma palavra vã
e são longínquos os carinhos que nos chamam.
Olho ainda o horizonte
essa linha parada aguardando a noite
réstias de azul rompem o cinzento
e esta melancolia que quase nos vence
que solidão tão imensa
neste mundo tão povoado.
Onde estão aqueles que mais precisamos
em momentos assim de fadiga espiritual?
Onde se acolhem os afagos que nos aliviam
destas ondas tormentosas?
Estão longe, estão longe
parece dizer o mar nesse movimento incansável.
Estão longe para além da linha que divide o céu da terra.
Estão longe os afagos
e essa beleza cujos contornos o sonho desenha
e o pensamento dá formas.
Ah! o mar, o fim da tarde, o Outono
Esta tristeza, a solidão
E ninguém.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O sol rompeu por instantes
com o fulgor dos momentos finais
e o vermelho vivo
das fogueiras eternas.
Extinto o sopro
a noite aproxima-se
pelas paredes da tarde
e a solidão avassala
a tristeza
nessa competição
do só.

Porto, praia do ourigo, aos dez dias de Dezembro do ano de dois mil e dois

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