Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

20 setembro, 2007

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Hoje venho mesmo só dizer-vos, Olá!, pois tenho de ir ao Tribunal a Braga. Com este fresco amanhecer e o sol a espalhar-se pelo chão e pela alma, vai ser uma viagem confortante.
Talvez encontre uma história para vos contar amanhã.

CORO DOS CAÍDOS

Cantai bichos da treva e da aparência
Na absolvição por incontinência
Cantai cantai no pino do inferno
Em Janeiro ou em Maio é sempre cedo
Cantai cardumes da guerra e da agonia
Neste areal onde nasce o dia

Cantai cantai melancolias serenas
Como trigo da moda nas verbenas
Cantai cantai guizos doidos dos sinos
Os vossos salmos de embalar meninos
Cantai bichos da treva e da opulência
A vossa vil e vã magnificência

Cantai os vossos tronos e impérios
Sobre os degredos sobre os cemitérios
Cantai cantai ó torpes madrugadas
As clavas os clarins e as espadas
Cantai nos matadouros nas trincheiras
As armas os pendões e as bandeiras

Cantai cantai que ódio já não cansa
Com palavras de amor e bonança
Dançai ó Parcas vossa negra festa
Sobre a planície em redor que o ar empesta
Cantai ó corvos pela noite fora
Neste areal onde não nasce a aurora.

JOSÉ AFONSO, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

"É tão triste esquecermo-nos de um amigo! Nem toda a gente teve um amigo na vida!"

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"

"No dia 25 de Abril de 1974, o poder, afrontado no Terreiro do Paço, caía no antigo convento do Carmo e era apanhado pelos que o derrubaram: capitães e soldados em estreita união com estratos médios e povo trabalhador das cidades e dos campos. Desde logo, as liberdades tornaram-se imparáveis: liberdade de expressão, de associação, de manifestação, a liberdade sindical, a liberdade de organização de partidos. Os presos políticos saíam das cadeias nos braços da multidão. Desmantelava-se a polícia política e outras organizações repressivas. As imagens dos cravos vermelhos que floriam na boca das espingardas corriam o mundo. Chamaram à revolução a Revolução dos Cravos. Entretanto, o poder vencido tentava por todos os meios, incluindo os militares, travar e torpedear o andamento do processo. E os programas e os interesses dos novos actores eram divergentes e muitas vezes contraditórios."

ANTÓNIO BORGES COELHO, "Nos Trinta Anos da Revolução de Abril", in "Le Monde diplomatique", Abril de 2004

Porto, 15 de Abril de 2004

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