Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

10 junho, 2010

LEITURAS


Durante vinte anos Eszter viveu uma existência cinzenta e monótona, fechada sobre si própria, esperando a morte e sonhando com o retorno de um amor impossível. Até ao dia em que, inesperadamente, recebe um telegrama de Lajos, o único homem que amou e graças ao qual encontrou, por um breve período, sentido para a sua vida. Grande sedutor e canalha sem escrúpulos, Lajos não só traiu Eszter como destruiu a sua família, tirando-lhe tudo o que possuía. Agora, depois de uma ausência prolongada, regressa e Eszter prepara-se para o receber comovida e perturbada por sentimentos contraditórios.

Sándor Márai nasceu em 1900, em Kassa, uma pequena cidade húmgara que hoje pertence à Eslováquia. Passou um período de exílio voluntário na Alemanha e na França durante o regime de Horthy nos anos 20, até que abandonou definitivamente o seu país em 1948 com a chegada do regime comunista, tendo emigrado para os Estados unidos. A subsequente proibição da sua obra na Hungria fez cair no esquecimento quem nesse momento era considerado um dos escritores mais importantes da literatura centro-europeia. Foi preciso esperar várias décadas, até à queda do regime comunista, para que este extraordinário escritor fosse redescoberto no seu país e no mundo inteiro. Sándor Márai suicidou-se em 1989, em San Diego, na Califórnia, poucos meses antes da queda do muro de Berlim.
O romance As Velas Ardem até ao Fim, já publicado nesta colecção, fui entusiasticamente aclamado, tanto pela crítica como pelo público.

Também neste romance as velas arderam até ao fim, também neste livro se aguarda a chegada de alguém que é o decisor da história, também aqui se revela um amor impossível. Contudo, neste romance uma dúvida nos acolhe. Como é possível que um amor, por muito grande amor que possa ser, pode aturar um canalha, pode permitir que um mesmo homem, enganador e miserável no seu relacionamento para com os outros, possa desgraçar a vida de alguém até ao fim? Não conseguimos responder a esta questão, pois cremos que não será de amor que aqui se falará, pois uma atracção por alguém, só pode ser amor quando esse alguém comportar gestos e sentimentos de grande amizade e cativadores, o que nunca foi o caso deste Lajos. Não chega dizer que não chegava a ter consciência dos seus próprios actos, das suas conversas mistificadoras. Lajos não era um inimputável, apenas um artista da boa vida, cavalgando sobre a dos restantes. Como amar eternamente alguém assim?

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