POEMAS
SÚPLICA
Não digas, musa,
Por quantos versos reparti o pranto
Que chorei neste mundo.
Não contes
Os mil segredos que te confiei
Nas horas de abandono.
Não reveles à vida
O amor que lhe tive
E de que fostes única confidente.
Perdição consciente,
Que mais ninguém me veja
Nesta triste nudez de sonhador.
Que o teu silêncio seja
O meu pudor.
Miguel Torga
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