Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

06 junho, 2010

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Há coisas que sabemos de antemão e algumas, conhecemo-las tão bem que nem nos ocorre a ideia de que não vamos pensar nelas nos momentos necessários. Mas, na verdade, esquecemos. No fundo, agimos condicionados por um quadro mental já construído, interiorizado através de um processo evolutivo escondido. É assim com as coisas que vemos e com as pessoas que abordamos. Olhamos para elas ao aproximarmo-nos e formamos uma imagem que vai modelar o nosso tom de voz, os nossos juízos de valor. Mário é um italiano de Turim. Já o tinha encontrado uma vez, mas na verdade quase não chegamos a conversar. Desta vez, voltou a aparecer e então recordei a ideia que já se encontrava formada. Com um ar aciganado, nem parecia um trabalhador de seguros. Faltava só confirmar se o resto se assemelhava ao tal ar. Contudo, ao segundo dia, o italiano revelava-se um homem gentil e muito sensível. Para além da actividade profissional na indústria seguradora, faz parte de um grupo de dança que constrói espectáculos que reconstituem as figuras históricas do renascimento, tendo até viajado pela Europa, representando. Fez de nosso guia, mostrou-nos a zona histórica da cidade, conversamos imenso e ficamos amigos. Tudo isto só vem dar razão à ideia expressa de que não basta chegar, é necessário observar e conhecer, deixar que os outros falem e possamos escutar o que dizem, o que pensam e, sobretudo, como pensam. Se nos precipitarmos podemos correr o risco de não chegar a alcançar a amizade. Para isso já nos bastam as paixões, as quais só nos permitindo conhecer a superfície, nos arrastam tantas vezes para mares desconhecidos e quando não nos afogamos, tantas vezes damos à costa maltratados. Claro que sabemos tudo isto de antemão, mas normalmente não evitamos essa tentação de errar.

A VILA DO ALVITO

A vila de Alvito
Tem ruas e praças
Homens e mulheres
E muitas desgraças.
A vila de Alvito
Tem dois lavradores.
Tem muita riqueza
E raros amores.
A vila de Alvito
Tem uma cruz ao lado:
Quem manda na vila
Não lhe dá cuidado.
Malteses, ganhões,
Sangue misturado.
Na vila de Alvito
É que eu fui criado.

RAUL DE CARVALHO, in “O Nosso Amargo Cancioneiro”

Creio ter-vos dito que a princesa de Mainau me havia contado a vossa história. Melhor seria dizer, a história dos vossos pais, porque a de uma rapariga é toda ela interior: é um poema antes de tornar-se um drama.

MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”

“Dizendo «não» ao Tratado Constitucional, a maioria dos franceses disse também «sim» a mudanças profundas, tanto no seu país como à escala europeia.”

ANNE-CÉCILE ROBERT, “Da rebelião à reconstrução”, in “Le Monde diplomatique”, Junho de 2005

Porto, 21 de Junho de 2005

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