Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

18 março, 2009

POESIA AO AMANHECER


Olá! Amigos

É verdade, tantos dias de ausência e de saudade da vossa companhia. Lá andei pelas minhas leituras da história. Agora que chegou ao fim, começava a gostar destes intervalos académicos. Coloca-nos naquela posição que nunca acreditamos como possível de cortarmos com o quotidiano. Na nossa pressa diária, as coisas parecem imutáveis. Depois, ler, mesmo que em estudo, é uma grande paixão.
Hoje de manhã o cheiro a maresia chegava até minha casa. Foi agradável, como agradável também foi ontem fazer a marginal do rio após um dia esgotante. Lembrei-me então que há coisas que nunca vos contei porque são segredos e, naturalmente os segredos são para guardar. Mas, enfim, de quando em vez podemos levantar um bocadinho da cortina. Eu penso que todos nós vivemos de imagens. Eu crio imagens para muitas coisas, quando não as tenho reais, invento-as e imagino-as reais. Assim, para adormecer criei uma imagem, de mulher, naturalmente que são as mais bonitas e então a história é esta. Há dois anos estive em Cantenac na escola da AXA e todas as manhãs saía às 6h30 e ia passear para a estrada, ver o dia nascer. Caminhava até uma povoação chamada Margueux (acho que era assim) e via o comboio das 07h15 chegar e partir numa estação vazia de tudo apenas com uma placa evocativa da Resistência na 2ª Guerra Mundial. Agora todas as noites como forma de adormecer imagino-me sentado no banco da estação acompanhado da imagem - a imagem tem rosto, é branca com tonalidades de um moreno muito leve, os cabelos aloirados de um loiro não agressivo, não sei de que cor lhe pintei os olhos, mas acho que são castanhos claros e tem um sorriso aberto e bonito e transpira ternura pela pele -, a falar baixinho e a olhar uma noite de lua cheia. Quando demoro a adormecer ainda vimos de mão dada pela estrada, mas adormeço antes de chegarmos à escola e ainda bem, senão poderiam ver-nos e que iriam pensar?

"A única, a amada sem igual,
a mais bela entre todas!
Ela é como a estrela da manhã
que aparece no início de um bom ano.
Ela tem uma luminosa perfeição,
a pele resplandecente,
é amoroso o olhar dos seus lindos olhos.
É suave o falar dos seus lábios,
sem nunca falar de mais.
De pescoço elegante, peito radioso,
cabelo de verdadeiro lápis-lazúli.
Os seus braços valem mais que o ouro,
os seus dedos são como flores de lótus.
de coxas largas e cintura estreita,
as pernas acentuam a sua beleza,
com um andar gracioso ao pisar o chão."

Poema do Antigo Egipto, reinado de Ramsés ", meados do séc. XIII a.C.

"A gente às vezes não sabe se faz as coisas por causa da nossa força ou por causa da nossa cobardia."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"No Egipto, o mundo tinha sido criado por actos sexuais prenhes de erotismo com os amantes a serem representados em fruição plena da natureza e do corpo. No Império Novo, o erotismo transborda nos corpos femininos."

LUÍS MANUEL DE ARAÚJO, "Assim na Terra como no Céu", in "História", Maio de 2004

Porto, 06 de Julho de 2004

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