Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

14 janeiro, 2009

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Acabo de descobrir, não é bem descobrir, é relembrar a força das palavras e se é verdade que Marguerite Yourcenar dizia que se as palavras atraiçoam o pensamento, as escritas atraiçoam-no muito mais, não é menos verdade que podem adquirir uma contundência sem limites. Por vezes, é necessário não fugir dos homens, mas das palavras, dessas que se espalham por aí, germinam em forma de semente e arrancam tempestades na consciência dos Homens. Lembram-se do poema "meu pensamento, partiu no vento, podem prendê-lo, matá-lo não"? É verdade, estou a pensar nas palavras, pelo menos em algumas que atingiram o alvo com a força de uma funda e, neste momento, ainda desconheço o efeito que provocaram, mas de bonança não foi de certeza.

A CIDADE

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco, um pulmão que respira
pela palavra água, pela palavra brisa
A cidade é um poro, um corpo que transpira
pela palavra sangue, pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra
A palavra silêncio é uma rosa chã
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não à rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra duma luz que não há.

JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

"Depois eu fui crescendo e via-se que a tia Suzana fazia o possível por adivinhar aquilo que se ia passando por dentro de mim. Gostava muito que eu lesse:
- Os livros são bons porque, sempre que nos sentimos sós e não temos coisas para dizer a nós mesmos, podemos falar com eles. Sabes, eu acho que as pessoas desejam viver muito e vivem pouco. Com os livros, a gente faz viagens, conhece pessoas, aprende a interrogar-se e tem oportunidade de viver e de sentir coisas que a vida não lhe deu. Outras vezes penso o contrário: que os livros entretêm a nossa fome de viver e se calhar disfarçam e adiam a obrigação que temos de procurar a vida."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor".

«Francamente notável». Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, não regateou qualificativos para caracterizar o projecto de «reforma» da assistência na doença do governo francês. É verdade que as medidas encaradas em França se parecem com as adoptadas na Alemanha ou em Itália, inscrevendo-se na vaga neoliberal pregada por Bruxelas. Mas estas questões, como aliás as que se prendem com a «Constituição» ou com os serviços públicos, estão ausentes da campanha para as eleições europeias de 13 de Junho. Deste modo os liberais podem aplicar, etapa por etapa, o seu roteiro das privatizações."

SERGE HALIMI, "No rolo compressor das privatizações", in, "Le Monde Diplomatique" - edição portuguesa, Junho de 2004.

Porto, 18 de Junho de 2004


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