Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

22 setembro, 2008

LEITURAS


A Cara da Gente reúne os mais recentes textos de um dos mais respeitados cronistas portugueses. Conhecendo com exactidão o peso de cada palavra, Baptista Bastos vai fixando na escrita a magia do quotidiano ao mesmo tempo que analisa com rara lucidez os grandes temas da actualidade.
Numa linguagem deslumbrante, o autor escreve sobre a descoberta do amor, conta histórias de pais e filhos, sente o coração apressado com a descoberta do primeiro beijo, recupera o afecto de velhos amigos, não renega a saudade da cidade que mudou de rosto mas que é, a sua casa.
O resultado são estes textos que analisam o quotidiano e inventam cidades, debatem temas universais e evocam amigos com um encantamento que convida o leitor a sonhar e a reencontrar a felicidade em cada gesto.

Baptista Bastos nasceu em Lisboa em 27 de Fevereiro de 1934. Aos dezanove anos, n’ O Século, inicia uma intensa e aplaudida carreira de jornalista, mudando-se mais tarde para o Diário Popular, onde permaneceu vinte e três anos. Escreveu nos mais prestigiados jornais e revistas, colaborou em inúmeros programas de rádio e na SIC conduziu o programa “Conversas Secretas”.
Como jornalista, romancista e ensaísta é autor de duas dezenas de livros, cujo reconhecimento foi objecto de algumas das mais respeitadas distinções, de que se destacam o Grande Prémio da Crítica, o Grande Prémio da Crónica da APE, o Pen Club e o Prémio de Crónica João Carreira Bom.
Foi ainda docente universitário e as suas obras estão traduzidas em várias línguas. Actualmente é colunista do Diário de Notícias e do Jornal de Negócios.

“Devo dizer aos meus Dilectos que a «realidade» sempre me foi insuportável. Jovem escritor, assaltou-me a petulante ambição de narrar invenções sobre os outros, a maneira que entendi melhor para recusar a vida tal como ela se apresentava. Talvez esta ideia seja um destempero. Há quem defenda a impossibilidade de se fazer alguma coisa com as palavras; porém, insensato e um pouco ingénuo, ainda hoje creio que elas possuem alguma força, inclusive a de ajudarem a moldar uma certa maneira de ser. Nesta obstinada profissão de fé, só muito tarde aprendi que escrever é cumprir uma promessa feita não se sabe a quem – nem porquê. E que a fronteira entre dois mundos, o visível e o invisível, nasce do que imaginamos ser aquilo que o não é. Mercador de simulações, inventei ruas, bairros e uma cidade, através dos quais, e das pessoas que lá coloco, procuro a música dos estribilhos que nos indique alguns sinais de esperança. Tédios e penas, desalentos e desventuras, módicas alegrias e suaves aspirações, eis sobre o que escrevo. Pequenas sagas do banal. Coisas de nada que nos enredam nas mãos do frágil e caprichoso tempo.

da Introdução

Baptista Bastos parece trazer-nos sempre uma leitura saudosista de recordações, nostalgia de um tempo que já não regressa, mas não é verdade. Recorda é certo, um outro tempo, mas com os olhos do presente e pensando no futuro, um porvir com valores, princípios e ética, individual e colectiva. Faz-nos reflectir sobre os comportamentos humanos de uma forma compreensiva e tolerante se a palavra pode ter aqui cabimento. Ler os trabalhos escritos deste autor é sempre um prazer sem limites.

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