LEITURAS

Há cerca de um ano, seduzido por um programa de rádio que incentivava os ouvintes a contar histórias da sua vida, fiz um relato escrito de um acontecimento que sabia verdadeiro ocorrido ainda na minha juventude. Era uma história de aventura, mas também de coragem que envolveu alguns desses anónimos que participaram nessa epopeia que foi a batalha pela liberdade, dos homens e do país. E a história lá seguiu e num dia qualquer lida na rádio como muitas outras antes, e muitas outras depois. Ao longo de muitos meses e em escassos minutos diários são lidas histórias contadas por homens e mulheres, umas de grandes amores, outras de pequenos dramas, outras ainda de recordações e outras de muitos aspectos que envolvem essa complexidade que é a vida humana e a relação, sentimental e não só entre os seres humanos. Há muitas coisas que me desiludem, me deixam triste, me provocam um sentimento de profunda injustiça, mas apesar de tudo isso, por vezes, aqui e ali, encontro pessoas, verdadeiramente pessoas, simples na maioria das vezes, simples nos gestos e na postura, que me seduzem pelo fascínio dos contos, dos seus e dos outros, pela vivência que tiveram, pelas montanhas que tiveram que vencer, pelas dificuldades que foram obrigadas a ultrapassar e deixo-me ficar a ouvi-las o tempo todo que a sua paciência me permite e desses diálogos escutados ficam uma sensação de felicidade que perdura pelos tempos e me ajuda a olvidar as maldades que todos os dias encontramos. Em certa medida, muitas das histórias lidas na Antena 1, reflectem este sentimento que aqui deixo expresso. Em Novembro, as primeiras histórias, entre as quais a que contei, foram publicadas em livro e há poucos dias atrás dediquei-me à leitura desses pequenos e simples contos.