Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

02 outubro, 2006

LEITURAS

Há leituras que nos impressionam, umas pela história, outras pelos personagens, umas pela forma, outras pelo conteúdo, pela beleza das palavras, a doçura do texto, a leveza do conto. Provavelmente, no belo discurso de Federico Garcia Lorca seduziu-me tudo isto.
Encontrei Federico na minha adolescência através de uma peça de teatro de uma das suas obras. Intelectual espanhol de grande vulto do início do século passado, Garcia Lorca tinha um mundo espantoso à sua frente na arte da criação e que a jovem república ia permitir expandir, quando essa besta violenta do fascismo o levou aos 38 anos. Pareço sentir ainda os sons do calor daquela tarde na Vega de Granada por entre as oliveiras da sua Andaluzia amada e os tiros, sim os tiros a soarem como uma trovoada na história ribombando na memória dos homens.
Mais tarde um agrupamento musical, Aqua Viva, de uma Espanha que acordava reavivou a imagem desse intelectual extraordinário, cantando, te presento un amigo que no conoci, porque mi principio fue depois del fin.
Mas a magistral aula sobre a história e a importância dos livros na vida da humanidade, Alocução ao Povo da Aldeia de Fuentevaqueros, cuja leitura agora realizei, incentiva-me a uma viagem de conhecimento pelas antigas terras árabes de Córdova e de Granada e não consegue apagar a amargura que sinto quando penso nessa Espanha maldita que nos roubou Garcia Lorca, El rio Guadalquivir tiene las barbas granate y los dos rios de Granada, uno llanto y outro sangre.

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