DESPEDIDA
Companheiros, Camaradas e Amigos do CEG
A reunião do dia 2 de Dezembro foi de facto a última em que participei.
Traído pelos sentimentos, não me foi possível despedir-me de vós. Permitam-me agora duas palavras.
Venho de um pequeno país com 9 séculos de história, quase toda voltada para o Atlântico. Hoje tentamos olhar para a Europa que se encontra tão próxima e ainda tão longe.
Sou filho da clandestinidade e de uma revolução que semeou ilusões e esperança, alimentando sonhos na alma dos Homens que nunca tiveram nada. Depois, roubaram-nos as ilusões, prenderam-nos a esperança, mas os sonhos ficaram livres como os pássaros do meu país. Foi com sonhos que cheguei e sempre estive no Comité Europeu.
Retenho na memória, os companheiros, Eric Teisler e Francis Allemand, os primeiros que conheci nos arredores de Bruxelas no processo de fusão com a UAP. Jean Pierre Chemin e a sua fé inabalável no sucesso do CEG. Daniel Vaulot com a sua calma e paciência tornando o difícil parecer fácil. Jean Dennis, presente desde o início. Georges Amato com as contas sempre certas. Jean Pierre Sugier com o seu optimismo. Steave Blease, com a sua capacidade de síntese e as suas brilhantes conclusões. Domminique Tirmarche substituído por Prosper Van Der Meerch que não dispensa o seu flamengo natal. Uwe que Peter tem substituído de forma notável. Olivier Pelras sempre útil, e por último, os meus grandes companheiros do Comité: um, esse romano inesquecível, com a sua contundência, as suas palavras pertinentes e as suas observações certeiras e Lola, essa malaguenha que sempre teve só uma língua, a de Espanha, e nunca compreendeu o português, mas sempre solidária e amiga.
Sei que todos vós levareis ainda mais longe o diálogo e a concertação no interior do Comité. Tudo o que se construiu até ao momento pode ser ampliado com criatividade e perseverança, seguindo o exemplo que nos foi transmitido pelo historiador mexicano, Carlos Fuentes de que “sem a memória do passado não teríamos futuro e sem um projecto de futuro perderíamos a memória do passado”.
É assim este um tempo de mudança. De pessoas, de idades, de ideias. É um pouco trocar o passado pelo futuro, daí a minha partida.
Sou dos que acreditam num mundo diferente. Um poeta do meu país escreveu que já viu homens que morriam por qualquer coisa que amavam. Acredito num mundo de homens românticos e com ideais, um mundo livre e sem amos, onde a dignidade, o direito, ao trabalho, à educação e à cultura, sejam valores quotidianos reais, e deixem de ser reivindicações.
Tentei ajudar um pouco essa construção, com os únicos argumentos que possuo, a palavra da verdade e da razão. Umas vezes errei, outras ajudei, mas a intenção foi sempre imbuída de pureza.
Nunca pedi muito ao mundo e se alguma coisa desejo é, no fim, poder dizer como Agostinho Neto, poeta e primeiro presidente de Angola, “As minhas mãos/colocaram pedras/ nos alicerces do Mundo./Mereço o meu pedaço de pão”
Um forte e longo abraço para todos vós.
e não se esqueçam,
A LUTA CONTINUA
A reunião do dia 2 de Dezembro foi de facto a última em que participei.
Traído pelos sentimentos, não me foi possível despedir-me de vós. Permitam-me agora duas palavras.
Venho de um pequeno país com 9 séculos de história, quase toda voltada para o Atlântico. Hoje tentamos olhar para a Europa que se encontra tão próxima e ainda tão longe.
Sou filho da clandestinidade e de uma revolução que semeou ilusões e esperança, alimentando sonhos na alma dos Homens que nunca tiveram nada. Depois, roubaram-nos as ilusões, prenderam-nos a esperança, mas os sonhos ficaram livres como os pássaros do meu país. Foi com sonhos que cheguei e sempre estive no Comité Europeu.
Retenho na memória, os companheiros, Eric Teisler e Francis Allemand, os primeiros que conheci nos arredores de Bruxelas no processo de fusão com a UAP. Jean Pierre Chemin e a sua fé inabalável no sucesso do CEG. Daniel Vaulot com a sua calma e paciência tornando o difícil parecer fácil. Jean Dennis, presente desde o início. Georges Amato com as contas sempre certas. Jean Pierre Sugier com o seu optimismo. Steave Blease, com a sua capacidade de síntese e as suas brilhantes conclusões. Domminique Tirmarche substituído por Prosper Van Der Meerch que não dispensa o seu flamengo natal. Uwe que Peter tem substituído de forma notável. Olivier Pelras sempre útil, e por último, os meus grandes companheiros do Comité: um, esse romano inesquecível, com a sua contundência, as suas palavras pertinentes e as suas observações certeiras e Lola, essa malaguenha que sempre teve só uma língua, a de Espanha, e nunca compreendeu o português, mas sempre solidária e amiga.
Sei que todos vós levareis ainda mais longe o diálogo e a concertação no interior do Comité. Tudo o que se construiu até ao momento pode ser ampliado com criatividade e perseverança, seguindo o exemplo que nos foi transmitido pelo historiador mexicano, Carlos Fuentes de que “sem a memória do passado não teríamos futuro e sem um projecto de futuro perderíamos a memória do passado”.
É assim este um tempo de mudança. De pessoas, de idades, de ideias. É um pouco trocar o passado pelo futuro, daí a minha partida.
Sou dos que acreditam num mundo diferente. Um poeta do meu país escreveu que já viu homens que morriam por qualquer coisa que amavam. Acredito num mundo de homens românticos e com ideais, um mundo livre e sem amos, onde a dignidade, o direito, ao trabalho, à educação e à cultura, sejam valores quotidianos reais, e deixem de ser reivindicações.
Tentei ajudar um pouco essa construção, com os únicos argumentos que possuo, a palavra da verdade e da razão. Umas vezes errei, outras ajudei, mas a intenção foi sempre imbuída de pureza.
Nunca pedi muito ao mundo e se alguma coisa desejo é, no fim, poder dizer como Agostinho Neto, poeta e primeiro presidente de Angola, “As minhas mãos/colocaram pedras/ nos alicerces do Mundo./Mereço o meu pedaço de pão”
Um forte e longo abraço para todos vós.
e não se esqueçam,
A LUTA CONTINUA
Dezembro de 2005
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