POESIA AO AMANHECER
Bom dia, meus Amigos
Ele há pessoas que nos fascinam em absoluto. Olhadas num primeiro momento nada têm de atractivo e quando nos aproximamos temos de nos render a um encanto invisível. Umas vezes é a forma de estar, outras, um sorriso escondido, outras ainda um olhar que não reparamos quando nos aproximamos e quantas vezes, é o falar, a expressão do verbo que nos encanta. Na última ida a Paris, um fim de tarde após 10 horas de reunião levaram-me de visita ao Centro de Arte Moderna Georges Pompidou. Uma parte de nós sente de imediato um conflito com essa modernidade da arte. Um conflito que não sabemos explicar, mas passará provavelmente pela dificuldade da compreensão das formas. Mas lá fui com a curiosidade de quem gosta de ver o que nunca viu e, digamos sempre faço um esforço por compreender. O exterior do edifício já por si não era alentador para quem tem da arte uma visão realista, mas havia que aguardar. Surgiu então uma guia. Olhada à distância parecia uma jovem saída da universidade, mas com a aproximação a realidade foi um pouco desanimadora. A idade já tinha feito o seu percurso, a imagem não era nada que nos atraísse, pelo que restava aguardar pela parte da arte, só que quando começaram a aparecer os primeiros Kandinski, Manet, Picasso, Miró e toda aquela gente cujos nomes já memorizamos há muito, começou a surgir algo inesperado. A senhora não era uma mera guia, mas alguém com um profundo conhecimento da pintura, e da arte moderna, e daqueles que a construíram. Com uma fluência extraordinária, uma paixão devotada às palavras, o saber que se revelava a cada obra que apreciava, rapidamente nos prendeu a atenção de tal maneira que nós próprios começamos a ver formas que ainda duvido que lá estivessem. Foi assim, que aquela senhora com um ar simples uma serenidade plena durante uma hora nos cativou a atenção para um conjunto de pinturas que sozinhos dificilmente veríamos com tanto cuidado e com tamanha vontade de compreender o que se escondia no interior de traços aparentemente imprecisos. Podem crer que no fim, até eu seria capaz de vos mostrar que aquelas obras da pintura modernista continham, rostos, objectos ou intenções que não se vêem, só que dito por mim, não acreditariam, porque para tudo é necessário ter arte e aquela senhora tinha a da pintura que aprendeu e a da alma que cultivou.
ELES
Ei-los que partem novos e velhos
Buscar a sorte noutras paragens
Noutras aragens, entre outros povos
Ei-los que partem velhos e novos
Ei-los que partem, olhos molhados
Coração triste, a saca às costas
Esperança em riste, sonhos dourados
Ei-los que partem, olhos molhados
Virão um dia, ricos ou não
Contando histórias de lá de longe
Onde o suor se fez em pão
Virão um dia, ricos ou não
Virão um dia, ou não…
MANUEL FREIRE, in “O Nosso Amargo Cancioneiro”
“Não voltei a ver Maria. Como é difícil, por mais precauções que se tomem, não fazer sofrer…”
MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”
FARAÓS : FILHOS DAS DEUSAS
A imagem do faraó como lactante junto a divindades femininas reflecte a importância do leite materno nos ritos de coroação. Assim como Horus é entronizado graças à ingestão do alimento materno da deusa Isis o da assimilação desta a Hathor, o monarca, como Horus na terra, se serve da iconografia do acto de amamentação para ratificar a sua divindade e renovar a juventude e vigor necessários para ostentar eternamente o poder real.
BÁRBARA RAMÍREZ GARCIA, “Ser criança no antigo Egipto”, in “HISTORIA National Geographic”, nº 12
Ele há pessoas que nos fascinam em absoluto. Olhadas num primeiro momento nada têm de atractivo e quando nos aproximamos temos de nos render a um encanto invisível. Umas vezes é a forma de estar, outras, um sorriso escondido, outras ainda um olhar que não reparamos quando nos aproximamos e quantas vezes, é o falar, a expressão do verbo que nos encanta. Na última ida a Paris, um fim de tarde após 10 horas de reunião levaram-me de visita ao Centro de Arte Moderna Georges Pompidou. Uma parte de nós sente de imediato um conflito com essa modernidade da arte. Um conflito que não sabemos explicar, mas passará provavelmente pela dificuldade da compreensão das formas. Mas lá fui com a curiosidade de quem gosta de ver o que nunca viu e, digamos sempre faço um esforço por compreender. O exterior do edifício já por si não era alentador para quem tem da arte uma visão realista, mas havia que aguardar. Surgiu então uma guia. Olhada à distância parecia uma jovem saída da universidade, mas com a aproximação a realidade foi um pouco desanimadora. A idade já tinha feito o seu percurso, a imagem não era nada que nos atraísse, pelo que restava aguardar pela parte da arte, só que quando começaram a aparecer os primeiros Kandinski, Manet, Picasso, Miró e toda aquela gente cujos nomes já memorizamos há muito, começou a surgir algo inesperado. A senhora não era uma mera guia, mas alguém com um profundo conhecimento da pintura, e da arte moderna, e daqueles que a construíram. Com uma fluência extraordinária, uma paixão devotada às palavras, o saber que se revelava a cada obra que apreciava, rapidamente nos prendeu a atenção de tal maneira que nós próprios começamos a ver formas que ainda duvido que lá estivessem. Foi assim, que aquela senhora com um ar simples uma serenidade plena durante uma hora nos cativou a atenção para um conjunto de pinturas que sozinhos dificilmente veríamos com tanto cuidado e com tamanha vontade de compreender o que se escondia no interior de traços aparentemente imprecisos. Podem crer que no fim, até eu seria capaz de vos mostrar que aquelas obras da pintura modernista continham, rostos, objectos ou intenções que não se vêem, só que dito por mim, não acreditariam, porque para tudo é necessário ter arte e aquela senhora tinha a da pintura que aprendeu e a da alma que cultivou.
ELES
Ei-los que partem novos e velhos
Buscar a sorte noutras paragens
Noutras aragens, entre outros povos
Ei-los que partem velhos e novos
Ei-los que partem, olhos molhados
Coração triste, a saca às costas
Esperança em riste, sonhos dourados
Ei-los que partem, olhos molhados
Virão um dia, ricos ou não
Contando histórias de lá de longe
Onde o suor se fez em pão
Virão um dia, ricos ou não
Virão um dia, ou não…
MANUEL FREIRE, in “O Nosso Amargo Cancioneiro”
“Não voltei a ver Maria. Como é difícil, por mais precauções que se tomem, não fazer sofrer…”
MARGUERITE YOURCENAR, in “Alexis ou o Tratado do Vão Combate”
FARAÓS : FILHOS DAS DEUSAS
A imagem do faraó como lactante junto a divindades femininas reflecte a importância do leite materno nos ritos de coroação. Assim como Horus é entronizado graças à ingestão do alimento materno da deusa Isis o da assimilação desta a Hathor, o monarca, como Horus na terra, se serve da iconografia do acto de amamentação para ratificar a sua divindade e renovar a juventude e vigor necessários para ostentar eternamente o poder real.
BÁRBARA RAMÍREZ GARCIA, “Ser criança no antigo Egipto”, in “HISTORIA National Geographic”, nº 12
Porto, 06 de Maio de 2005
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