LEITURAS
Frei Petar, monge bósnio cristão, é preso por engano e encarcerado na prisão de pior reputação duma Istambul, então Constantinopla, capital do Império Otomano: «O pátio maldito». Nesta, cruzam-se assassinos, violadores, assaltantes, conspiradores, mas também inocentes e falsos acusados de todas as classes e religiões, cada qual com um percurso, uma história e várias mentiras.
No «pátio maldito», o frade vai conhecendo as histórias dos seus companheiros de infortúnio. A sua voz vai-se diluindo nos muitos relatos dos outros prisioneiros até desaparecer entre as diversas histórias que ouve, as mentiras que cada um inventa e as diferentes noções de justiça e de realidade… Entre ódios e recordações vão-se misturando presente e passado, realidade e ficção, numa história de histórias.
Uma notável metáfora sobre a harmonia entre os homens em condições adversas. Andric descreve os processos pelos quais a História se entranha na vida dos indivíduos e neles se reflecte, nm eterno jogo entre o particular e o universal, ao mesmo tempo que põe a nu a raiz dos conflitos que têm assolado os Balcãs ao longo dos séculos.
No «pátio maldito», o frade vai conhecendo as histórias dos seus companheiros de infortúnio. A sua voz vai-se diluindo nos muitos relatos dos outros prisioneiros até desaparecer entre as diversas histórias que ouve, as mentiras que cada um inventa e as diferentes noções de justiça e de realidade… Entre ódios e recordações vão-se misturando presente e passado, realidade e ficção, numa história de histórias.
Uma notável metáfora sobre a harmonia entre os homens em condições adversas. Andric descreve os processos pelos quais a História se entranha na vida dos indivíduos e neles se reflecte, nm eterno jogo entre o particular e o universal, ao mesmo tempo que põe a nu a raiz dos conflitos que têm assolado os Balcãs ao longo dos séculos.
Ivo Andric, prémio Nobel de Literatura, nasceu na Bósnia em 1892. Desde jovem mostrou grande interesse na política da sua época. Torna-se membro do movimento nacionalista progressista Bósnia Jovem, e chega a ser preso por suspeita de conspiração no assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, que despoletaria a I Grande Guerra. É dentro dos muros da prisão de Maribor que «humilhado como um verme» escreve os seus primeiros textos. Em 1920 inicia uma brilhante carreira diplomática que o leva a cidades como Madrid, Viena, Bucareste, Paris e Genebra ao mesmo tempo que vai publicando contos, poemas e relatos de viagem (como «Portugal, terra verde»). Em 1944 publica o seu primeiro romance «A ponte sobre o Drina» (Cavalo de Ferro, 2007). Os bombardeamentos a Belgrado surpreendem-no em Berlim como Ministro dos Negócios Estrangeiros na Alemanha do III Reich. Recusa o asilo que os nazis lhe oferecem e regressa a uma Jugoslávia ocupada. Afasta-se do serviço diplomático e, em 1955 publica «O pátio maldito». Continua a escrever contos e romances a um ritmo cada vez menor. É galardoado com o prémio Nobel de literatura em 1961. Morre em 1975, na Jugoslávia de Tito, com quem mantinha relações próximas.
Andric conduz-nos de novo em viagem pela complexidade dos homens, pelos meandros do Império Otomano e por este «pátio maldito, como malditos são os pátios de todas as prisões, sobretudo quando prendem a eito, juntando pessoas inocentes àqueles que vivem no interior do crime. O comportamento humano em situação de ruptura acaba por se tornar imprevisível.
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