Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

16 março, 2007

POESIA


Recordações

Hoje, voltei a percorrer as calçadas que marginam o rio,
à procura do teu sorriso sobrevoando o amanhecer
e do teu olhar
doce como as ameixas maduras
e límpido como as águas do mar.

Sei que não estás.
Partiste com o pôr-do-sol
para paragens que não ouso alcançar
Deixaste-me a noite iluminada
pela lua eterna e pelo brilho do meu chamar.

Estás longe e estás aqui
não te esqueço enquanto sinto o vento passar.
Procuro pelos cantos escondidos do silêncio
tenho-te a todo o instante e encontro-te por todo o lado.

Esta tarde respondeu a solidão ao meu chamamento
e, no entanto, vi-te passar rio abaixo
num barco sem ninguém
esfumando-se por entre névoas de fantasia.

Dia a dia, reúno forças para chegar onde tu estás,
subir as montanhas que me separam do mundo,
vencer as florestas da vida que não existe,
respirar o aroma trazido pelas gaivotas ao entardecer.

Diariamente, regresso só,
sentindo-te ao meu lado como uma miragem.
Afasto os fantasmas todos que me rodeiam
para que só tu estejas comigo
mas sempre
me chega o medo ao deitar
quando tens de partir para onde eu não posso ir.

Porto, Julho de 1997. A primeira das Canções Desesperadas

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