Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

15 dezembro, 2006

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus grandes Amigos

"Vem o vento e dá/vem a sorte e tira", canta a canção e diz o poema e em cada volta nós regressamos de novo a este local a este contacto nestes amanheceres que agora sim já são primaveris até na temperatura e apesar de parecer que a chuva anuncia ao longe uma nova visita, não retira a este nascer do dia, o sossego e o repouso que nos proporciona continuando a contrastar com a tristeza do entardecer, cuja melancolia insiste em perturbar-me, a desenterrar-me fantasmas, a fazer-me viajar ao passado. Pensei até pedir para criarem um turno para mim das 6 às 13. Assim levantava-me com a madrugada que é das coisas mais bonitas que nos pode acontecer, vivia durante a tarde e o pôr-do-sol apanhava-me já a dormir. Percorrer as ruas silenciosas e quase desertas quando as estrelas dizem adeus é quase tão bonito como andar à hora do almoço dos dias de Primavera pelos "caminhos do romântico", embora alguns não acreditem. Vou pensar.

CANÇÃO DO DESTERRO

Vieram cedo
Mortos de cansaço
Adeus amigos
Não voltamos cá
O mar é tão grande
E o mundo é tão largo
Maria Bonita
Onde vamos morar?

Na barcarola
Canta a marujada
- O mar que eu vi
Não é como o de lá
E a roda do leme
E a proa molhada
Maria Bonita
Onde vamos parar?

Nem uma nuvem
Sobre a maré cheia
O sete-estrelo
Sabe bem onde ir
E a velha teimava
E a velha dizia
Maria Bonita
Onde vamos cair?

à beira da água
Me criei um dia
- Remos e velas
Lá deixei a arder
Ao sol e ao vento
Na areia da praia
Maria Bonita
Onde vamos viver?

Ganho a camisa
Tenho uma fortuna
Em terra alheia
Sei onde ficar
Eu sou como o vento
Que foi e não veio
Maria Bonita
Onde vamos morar?

Sino de bronze
Lá na minha aldeia
Toca por mim
Que estou para abalar
E fala da velha
Da velha matreira
Maria Bonita
Onde vamos penar?

Vinham de longe
Todos sabiam
Não se importavam
Quem os vinha ver
E a velha teimava
E a velha dizia
Maria Bonita
Onde vamos morrer?

JOSÉ AFONSO, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

"À estrela que explode chamamos supernova. As supernovas irrompem em chamas com um brilho muitos milhares de milhões de vezes maior do que o brilho do Sol;"

ROBERT JASTROW, in "A Arquitectura do Universo"

"Se é verdade que não existe uma resistência explícita, visível e organizada, não é menos verdade que, observando mais de perto o ambiente numa empresa industrial, os sinais de rebeldia tácita, subtil e latente estão abundantemente presentes. É uma linguagem de classe que não se reconhece enquanto tal."

ELÍSIO ESTANQUE, in "Manifesto", Dezembro de 2003

Porto, 17 de Março de 2004

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