Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

16 janeiro, 2009

POEMAS


As paredes são brancas e suam de terror
A sombra devagar suga o meu sangue
Tudo é como eu fechado e interior
Não sei por onde o vento possa entrar.

Sophia de Mello Breyner Andersen

14 janeiro, 2009

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Acabo de descobrir, não é bem descobrir, é relembrar a força das palavras e se é verdade que Marguerite Yourcenar dizia que se as palavras atraiçoam o pensamento, as escritas atraiçoam-no muito mais, não é menos verdade que podem adquirir uma contundência sem limites. Por vezes, é necessário não fugir dos homens, mas das palavras, dessas que se espalham por aí, germinam em forma de semente e arrancam tempestades na consciência dos Homens. Lembram-se do poema "meu pensamento, partiu no vento, podem prendê-lo, matá-lo não"? É verdade, estou a pensar nas palavras, pelo menos em algumas que atingiram o alvo com a força de uma funda e, neste momento, ainda desconheço o efeito que provocaram, mas de bonança não foi de certeza.

A CIDADE

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco, um pulmão que respira
pela palavra água, pela palavra brisa
A cidade é um poro, um corpo que transpira
pela palavra sangue, pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra
A palavra silêncio é uma rosa chã
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não à rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra duma luz que não há.

JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

"Depois eu fui crescendo e via-se que a tia Suzana fazia o possível por adivinhar aquilo que se ia passando por dentro de mim. Gostava muito que eu lesse:
- Os livros são bons porque, sempre que nos sentimos sós e não temos coisas para dizer a nós mesmos, podemos falar com eles. Sabes, eu acho que as pessoas desejam viver muito e vivem pouco. Com os livros, a gente faz viagens, conhece pessoas, aprende a interrogar-se e tem oportunidade de viver e de sentir coisas que a vida não lhe deu. Outras vezes penso o contrário: que os livros entretêm a nossa fome de viver e se calhar disfarçam e adiam a obrigação que temos de procurar a vida."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor".

«Francamente notável». Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, não regateou qualificativos para caracterizar o projecto de «reforma» da assistência na doença do governo francês. É verdade que as medidas encaradas em França se parecem com as adoptadas na Alemanha ou em Itália, inscrevendo-se na vaga neoliberal pregada por Bruxelas. Mas estas questões, como aliás as que se prendem com a «Constituição» ou com os serviços públicos, estão ausentes da campanha para as eleições europeias de 13 de Junho. Deste modo os liberais podem aplicar, etapa por etapa, o seu roteiro das privatizações."

SERGE HALIMI, "No rolo compressor das privatizações", in, "Le Monde Diplomatique" - edição portuguesa, Junho de 2004.

Porto, 18 de Junho de 2004


13 janeiro, 2009

LEITURAS


«E a beleza não serve de nada. Atrapalha. provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. Envolta em nevoeiro a tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que uma qualquer tirania sabe que tem a fazer é demolir a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. Alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada.»

Pedro Paixão nasceu em 1956 em Lisboa. Estudou nesta cidade, em Lovaina e Heidelberga. Doutorou-se aos 29 anos. Publicou vinte e um livros e dois álbuns de fotografia. Escreveu dois textos para teatro, um para ópera e outro para cinema. Não pertence a qualquer clube, partido, associação ou Igreja. Tem um filho. É casado. Vive em Santo António do Estoril.

Há livros e autores que numa situação normal, ou seja, num correr de olhos pelos títulos não nos seduziriam, mesmo que não encontremos razões para essa decisão, ou não escolha. Pedro Paixão e o seu «O Mundo é Tudo o que Acontece» é um desses livros e títulos que certamente não chegariam até às minhas leituras, não fosse uma mão amiga com o gesto da oferta. Decidi, por isso, interromper juízos de valor e conhecer a escrita deste autor para mim desconhecido. Nas bainhas do livro não chegamos a saber com exactidão quem é este Pedro Paixão a não ser que se doutorou e estudou em Lovaina e Heiderberga, mas sobre o doutoramento, nada. Será filósofo o nosso escritor? A Internet diz-me que sim. Contudo, o livro satisfaz, é agradável e aparece escrito na forma de contos que me seduzem. É um pouco como agarrar situações, pessoas ou coisas ao acaso e ficcionar histórias que têm sempre um pouco de verdade não se conseguindo perceber onde principia a realidade e termina a ficção, aproveitando para no interior dos mesmos colocar uma ou outra das suas visões sobre o mundo e os acontecimentos. De todos os que se espalham pelas duzentas e oitenta páginas, destaquei três, «Perseguição da beleza», «Ódio às escolas» e «Fica um pouco mais», talvez por se aproximarem de mim, nomeadamente o primeiro e o último. No entanto, a meio, este Pedro Paixão invade o mundo real. Fá-lo com cuidado, cautela e bom-senso, mas como todos vem falar-nos dos maus, só que são os maus de sempre e, convenhamos, é algo que já me cansa. Por coincidência com o tempo da minha leitura, alguns dos textos abordam essa guerra maldita que se desenrola no Médio Oriente e pressente-se esse impulso de tentar ser equidistante, mas não consegue e os maus voltam a ser os mesmos de sempre. Por outro lado, creio já não ter paciência para um certo número de intelectuais, a maioria para cativeiro da cultura, que se sentam nas chamadas teses oficiais, quer dizer naquelas teses que nos explicam o mundo tal como o conhecemos, em que as relações de poder aparecem como imutáveis eternas e definitivas, para bem dos que com ele beneficiam e, certamente para mal da imensa maioria. Naturalmente que sente esses pruridos da consciência a chamuscar as ideias e então envereda por esse caminho de considerar que o mundo que vivemos não está correcto, mas outro que pudesse haver seria mau de certeza e a partir daí, desenha a ideia de um mundo imaginário que nunca chegará a haver ou de um outro que ainda não conseguimos encontrar. Enquanto aguardamos vamos estar assim, pois pessoas como o escritor, neste caso, Pedro Paixão de seu nome, não estão assim tão mal como isso, antes pelo contrário. Avisado já estava há muito de que não devemos esperar que um escritor que nos seduziu enquanto tal nos seduza também com a sua vida real. Normalmente a distância entre essas duas vivências é grande e, normalmente a vida real fica a perder. Porém, sempre nos deixamos surpreender, talvez porque essas opiniões interromperam um quadro que até parecia estar a ir bem. De resto, não chegou a perturbar a leitura que até é agradável, mas confrontou-me uma vez mais com essa inevitabilidade de que este mundo que nos impingem diariamente é um instante perfeito insubstituível. Não é e um dia veremos que outro mundo é possível, no qual a responsabilidade não passará por ser de todos como forma de diluir a responsabilidade dos que a têm, mas terá destinos e autores bem identificáveis.

12 janeiro, 2009

POEMAS


Este traço que traço em redor do teu corpo
amado e perdido.

Sofia de Mello Breyner Anderse n

11 janeiro, 2009

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos

Pois é verdade, Portugal lá ganhou. Daquela forma sofrida, angustiante, mas o suficiente para alimentar a ilusão e o país poder continuar a esquecer os problemas que o afligem. É como se tivéssemos adormecido e estivéssemos a ter um sonho cor-de-rosa. Isto é o que nos dizem. Lembram-se que o governo até ralhou e chamou anti-patriotas aos portugueses que não pretendiam esquecer a defesa dos seus direitos durante o Euro. O futebol, continua a ser um bom antídoto para adormecer. Reparem que abafou as eleições, as quais deixaram de ser notícia a partir da meia-noite de Domingo, deitando-se assim para trás das costas a mensagem clara dos portugueses que votaram e não me digam agora que foram poucos, porque até nem sou eu que chamo democracia a esta coisa. Mas enfim, Portugal ganhou, alimentou-se a ilusão e as bandeiras continuam a esvoaçar. Gostava é que continuassem desfraldadas depois do Euro, mas para abraçar outras causas, mais nobres e mais verdadeiras.

Quando as minhas palavras
eram trigo

Eu era terra.

Quando as minhas palavras
eram fúria

Eu era tempestade.

Quando as minhas palavras
eram rochas

Eu era rio.

Quando as minhas palavras se
tornaram mel

As moscas cobriram-me
inteiramente os lábios.

MAHMOUD DARWISH, poeta palestiniano nascido em 1942 e um dos mais eloquentes arautos da resistência à ocupação israelita.

"Era sobretudo o seu sorriso e o seu olhar que pareciam criar com a natureza - com o dia e a noite, com o sol, a chuva e a lua, com os animais, as árvores, a tarde e o rio - uma espontânea harmonia."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"O sector público é ineficaz, o privado performante. De Londres a Paris, passando por Wellington e Berlim, os dirigentes privatizam em nome destes princípios, insistentemente declarados e nunca demonstrados. Em consonância com este roteiro, o governo francês pretende reduzir a Segurança Social a uma assistência mínima e oferecer o resto da protecção social à seguradoras. Decidiu ainda alterar o estatuto da companhia de electricidade e gás de França, a EDF-GDG. No entanto, este modelo tem conduzido à falência em toda a parte em que se impôs."

ERNEST ANTOINE, "Europa: os grandes saldos da electricidade", in "Le Monde Diplomatique-edição portuguesa", Junho de 2004

Porto, 17 de Junho de 2004

07 janeiro, 2009

LEITURAS


Os delírios solitários e as tortuosas reflexões de um jovem escritor, errando através da vida urbana, acompanhado pela sua inexorável antagonista, a fome. Um romance que é o início da grande literatura do século XX.

O tema da perpétua e solitária vagabundagem do narrador, presente em «Fome», será igualmente central em romances famosos como Mysterier (1892), Pan (1894), Den sidste Glaede (1912) [«A última alegria»], nos quais um estranho itinerante se insinua na vida de uma pequena comunidade rural, vivendo numa paz idílica com a natureza envolvente. Este individualismo e panteísmo serão uma imagem de marca permanente na escrita de Hamsun. Figura social controversa, acusado de ser simpatizante nazi aquando da ocupação do seu país, tal como L.-F. Céline será, também ele, perseguido pela justiça depois da II Grande Guerra e os seus livros queimados na praça pública. E tal como o escritor francês a conturbada experiência deste tempo será registada em livro, na sua obra Pa gjenngrodde Stier, de 1949. Morre em sua casa, em Norholm, com 92 anos de idade. As suas obras estão traduzidas com sucesso em todo o mundo e a sua influência é reconhecida e assumida por muitos autores contemporâneos.

A acção de «Fome», um romance marcante e considerado um clássico da literatura mundial, decorre nos finais do século XIX. O narrador, um jovem escritor, um homem solitário, deambula pelas ruas de Kristiania (actual Oslo) numa miséria extrema, enregelado pelo frio e tolhido pela fome. Essa miséria em que vive, provoca-lhe momentos de delírio e violentas variações de humor. Mas cedo nos apercebemos de que a “fome” desse sonhador não é apenas física. Há a procura de uma identidade e de um reconhecimento dentro das suas próprias alucinações.

Knut Hamsun (1859-1952), Prémio Nobel de Literatura em 1920, nasceu em Gudbrandsdalen e cresceu na pobreza em Hamaroy, na Noruega. Aos dezassete anos tornou-se aprendiz de sapateiro e, quase na mesma altura, começou a escrever. Passou alguns anos da sua vida nos Estados Unidos da América, viajando e exercendo várias profissões. Em 1899, publicaria as suas impressões sobre este período da sua vida np volume, Fra det mederne Amerikas Aandsliv. Regressado à Noruega publica o seu muito aclamado romance «Fome» (1890). Esta obra, devido ao uso iconoclasta que faz do monólogo interior e à ruptura com a tradicional lógica interna do romance é considerada pela crítica como um marco da literatura moderna, antecendendo obras de escritores como Franz Kafka.


A Escandinávia exerce uma atracção sobre uma parte das pessoas e a mim de uma forma particular. Não sei explicitar exactamente os motivos, mas certamente que a proximidade ao árctico, a imensidade do território com as suas neves, as suas florestas, os seus lagos e as suas montanhas, as suas aldeias organizadas, disciplinadas, pequenas e isoladas. No caso da Noruega, o seu espaço, estendendo-se ao longo do mar até tocar no círculo polar, o seu terreno rochoso a tombar abruptamente sobre o oceano, formando gargantas de água terra dentro, tudo isto, com a imagem sempre presente da neve, do frio, da solidão e do isolamento. E as pessoas, como serão as pessoas? Qual o quadro mental destas gentes que enfrentam estes ambientes que aos habitantes europeus do sul, parecem quase hostis? Por mim, desconheço.
A leitura é sempre um fascínio, pela descoberta, pelo prazer, pelas imagens proporcionadas, pelos sonhos que alimenta, pelos conhecimentos que oferece a quem lê. Há dias, mão amiga, proporcionou-me a descoberta de um antigo Prémio Nobel, norueguês e com um título expectante e chamativo, «Fome». Parti à descoberta de Knut Hamsun, curioso e intrigado e acabei envolvido numa leitura que se desenrolou num misto de encanto e perturbação.
É verdade que a escrita, para aqueles que fazem da pena um modo de vida, carece de momentos de inspiração que transbordam do interior e necessitam de tempo, de espaço que quase sempre não se compadece com a existência de um emprego de rotina, de horários certos de uma atenção que não permite o devaneio que permita deixar viajar a imaginação. Mas quando as condições económicas não ajudam, não há alternativa a esse esforço duplo até que a situação financeira nos permita um dedicar completo e pleno a esse mester que é escrever. O personagem do livro aspira ser escritor, mas não tem dinheiro e por estranho que nos possa parecer, não procura trabalho, aguarda que o dinheiro surja de algures enquanto espera a inspiração e toda a história se desenvolve em torno da vida de um homem que percorre solitário e esfomeado as ruas da cidade de Oslo nos finais do século XIX, aguardando que a inspiração surja do nada e lhe permita escrever um artigo que o alimente. Mas só uma vez surge essa inspiração e o resto do tempo é uma sobrevivência espantosa salpicada aqui e ali com umas esmolas que uma integridade moral que pretende salvar, recusa aceitar como tal. Apesar da história se desenvolver quase unicamente em torno deste personagem e dos seus dias serem quase iguais, a escrita tem uma força extraordinária e arrebatadora, ganha-nos para a vivência do personagem, faz-nos desejar que uma solução seja encontrada e acabamos a desejar que a história tenha um fim, pois até para o leitor parece insuportável e intolerável a vida que se desenrola aos nossos “olhares”. E o fim, acaba por chegar, quando já tudo parecia perdido, o candidato a escritor, desiste da sua fome e arranja trabalho, embarcando num navio cargueiro e numa profissão que não sabe exactamente o que é. Pelo caminho, deixa-nos desenhos da fragilidade humana e do estado de degradação, moral e ética, a que podemos deixar arrastar-nos, quando colocamos a disciplina, as regras e os comportamentos, saírem para além dos limites de uma vivência colectiva, à qual, não devemos fugir. Podemos ser livres e autónomos no interior de um colectivo, mas marginalizar-nos dele é complicado e perigoso. Por várias vezes, o nosso personagem viveu na fronteira do razoável e do irracional e, muito provavelmente, só o acaso e alguma sorte o impediram de dar esse salto mortal.
Dos contactos exteriores à sua fome ressaltam dois encontros femininos. A primeira mulher, aparentemente vivendo numa prostituição educada e mascarada, aceitou-o enquanto o pensou bêbado, mas rejeitou-o quando compreendeu que a diferença do seu comportamento resultava da fome, pois percebeu que esta podia gerar instintos incontroláveis, enquanto os que resultam da bebedeira sempre são previsíveis. Em última instância, mais vale consolar um bêbado do que um louco, mesmo que ainda numa fase de candidatura. A segunda leva-nos até esse estado de degradação moral que faz abalar a nossa confiança na condição humana. A hospedeira em relações sexuais com o hóspede quase acabado de chegar, na cama do velho entrevado e com o marido deleitado espreitando pelo buraco da fechadura é de uma grandeza inferior de tal ordem que nos deixa arrepiados. A capacidade humana é tão elevada para a heroicidade como o pode ser para a indignidade.
É bem possível que o pormenor e a riqueza da escrita possam traduzir uma vivência pessoal do próprio Knut Hamsun, caso contrário, custa a crer que pudesse ter escrito um livro tão extraordinário como este romance a «Fome».
Um óptimo livro que merecia nova leitura não fosse a perturbação que nos deixa, mesmo conhecendo-se o fim da história.

04 janeiro, 2009

POESIA


Sigo o caminho
do silêncio que deixam os teus passos

Admiro o clarão
das labaredas semeadas pelos teus olhos

Abraço o mar
que ondula com a alegria do teu sorriso.


05.09.08

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