Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

24 outubro, 2008

LEITURAS


Em cada uma das quatro partes deste romance, uma personagem se desnuda ou tenta fazê-lo, até aos limites do possível, e uma sociedade consumista, hedonista e angustiada vai surgindo em seu redor.
No entanto persiste em algumas dessas personagens, cuja trajectória de vida passou pelas grandes transformações do 25 de Abril, um conflito interior entre ideais e ambições.
Assistimos a separações, novas ligações e frustrações de vária ordem e a conflitos de geração.
Perto do final, uma decisão do governo sobre a privatização da justiça vem alterar o comportamento de várias personagens.
Em poucos romances portugueses do nosso século ou do século passado terão surgido, com esta iluminação serena de quem muito leu e viveu, confusões de sentimentos, palavras de dor sofreadas, mágoas que se arrastam, tal como desejos intensos, vinganças ou sublimações eróticas, adultérios cujas mais fundas razões desafiam o entendimento do leitor. Perto do final, soltam-se frases de amor reprimidas e o olhar do mais complexo e irónico actor deste drama sem gritos encontra-se plenamente com a paisagem que foi cenário do seu passado.

Urbano Tavares Rodrigues não é apenas o grande escritor do Alentejo, das suas gentes e das suas paisagens, é também o romancista e contista de Lisboa e de outras atmosferas cosmopolitas que, como jornalista e professor universitário, bem conheceu, viajando por todo o mundo.
Catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, membro da Academia das Ciências (Secção de Letras), tem uma vasta obra literária e ensaística traduzida em inúmeros idiomas, do francês e do espanhol ao russo, ao grego, ao romeno, ao búlgaro, ao checo, ao alemão e ao inglês, ao catalão, ao ucraniano, ao croata, ao japonês, ao italiano, ao holandês e ao chinês. Obteve diversos prémios, entre eles o de Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Fernando Namora e o Ricardo Malheiros da Academia das Ciências.
De entre os seus maiores êxitos de crítica e de público, lembramos A Noite Roxa, Bastardos do Sol, Os Insubmissos, Imitação da Felicidade, Fuga Imóvel, Violeta e a Noite, O Supremo Interdito, Nunca Diremos Quem Sois, A Estação Dourada e O Eterno Efémero.
Urbano Tavares Rodrigues, que foi afastado do ensino universitário durante a ditadura de Salazar e Caetano, participou activamente na resistência e foi preso e encarcerado várias vezes nos anos 60.

Na simplicidade de uma escrita que nos cativa, mergulhamos no mundo dos sentimentos e dos afectos, das relações que se desgastam, da cumplicidade entre aqueles que procuram o conforto de um abraço, uma palavra de carinho, um gesto de paciência e uma atitude de escuta. Dos quatro personagens há uma mulher a quem os homens que a rodearam acabam a história dedicando-lhe palavras de grande ternura e compreensão. Leitura que nos permite a reflexão e nos dá o prazer de passarmos sobre vivência que de alguma forma sempre nos tocam.

23 outubro, 2008

POESIA


Queria amar-te
eternamente
Queria sentir-te
perdidamente
queria olhar-te
ternamente
Queria afagar-te
totalmente

01.04.08

22 outubro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Lá se foi um fim de semana. Nem foi bom, nem foi mau. Lembro apenas que passei umas boas horas, sentado, silencioso, tranquilo, a tirar ervas do jardim. É impressionante a sua persistência. Ontem à noite, sentei-me a ver um filme. A História contada pelos historiadores é sempre uma história distorcida, pois falta-lhes a percepção total das mentalidades. Por muito que se coloquem na época do relato, há uma sensação de realidade que não é possível absorver de todo. Depois, alimentam essa ideia tola da independência, como se fosse possível alhearmo-nos dos factos analisados e contados. O resultado é um branqueamento da história e dos actores. Situações que se agravam quando falamos da história contemporânea, porque aí, tendem a ser parciais, embora mantendo a auréola da neutralidade, e deturpam em absoluto a história. Ontem fez 60 anos do desembarque aliado, maioritariamente constituído por tropas norte-americanas, nas praias da Normandia. Este momento da guerra foi sempre apresentado como algo de épico e inolvidável, algo que veio resolver em definitivo a guerra, omitindo-se tudo o que se passou nas restantes frentes de guerra, nomeadamente a leste. Batalhas como as de Stalingrado e de Kursk, envolveram, muito mais homens e foi de uma mortandade muito maior e, essas sim, foram decisivas. Uma, no virar da guerra e a outra no quebrar em definitivo da capacidade ofensiva do exército nazi. Basta que na primeira, as baixas alemãs somaram 300.000 homens. Entretanto, vamos ainda ouvir falar n vezes do desembarque na Normandia e nada sabemos daquelas duas grandes batalhas. É assim a história, em nome da isenção.

SEUS OLHOS

Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou -
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

ALMEIDA GARRETT

"Contaram-me que esse casamento caiu muito bem na família porque se tratava de gente com berço, pergaminhos e muito de seu e, além do mais, eram pessoas de reconhecidas virtudes, dedicadas à caridade e à prática do bem."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"Paisagem com lua cheia e um cão a uivar.
Se em vez de um cão for um lobo não faz grande diferença porque está longe.
Eu num penedo. Um ventinho gelado nas costas e um vale em socalcos que se afunda à minha frente. Do outro lado toda a encosta se agita numa surdina de ramos que não distingo. Tudo negro e impreciso. Por cima uma carrada de estrelas. O vulto escuro do meu carro parado mais adiante.
Um quadro.
O cão uiva e as árvores emaranham as copas ao vento sempre da mesma maneira. O tempo não passa. E eu aqui, imóvel. Nem um pensamento sequer, para que nada se altere.

JOÃO DE MELO

Porto, 07 de Junho de 2004

20 outubro, 2008

PAISAGENS


Do barco à praia há uma estrada. Percorre-se uma língua de areia e pântano que separa o rio do mar e que nos há-de mostrar o Índico, orlado de areia fina e casuarinas.
A estrada é má, muito má!
A estrada tem buracos fundos, crateras, que em tempo seco se tornam ultrapassáveis, mas que ao primeiro sinal de chuva se tornam tão pantanosos como os campos que ladeiam a estrada.
Mais à frente a estrada é de areia. Areia fofa, onde se enterram os pneus e de onde só tractores e carros potentes, de tracção às quatro rodas, manejados por condutores experientes, conseguem sair.

A estrada má esconde pequenos caminhos que levam a aldeias de gente que não tem carro e que calcorreia a vida e a estrada a pé. Gente negra, de pele curtida pelo sol, de olhar empoeirado pela areia, pelo sal, pelo sol e pela pobreza, coisas próprias do sítio onde vive.
Na estrada má apenas se distingue uma construção que deixa ler, de forma baça, o nome de uma loja. Desfeita por muitos dias, indefinida entre a ruína e a ainda existência é coerente também na sua função. É uma loja, indefinida entre a ruína e a ainda existência, que serve a gente que mora nas aldeias escondidas.A estrada má não tem vergonha.
Tem muito trânsito ao fim de semana. Carros bonitos, potentes, de marcas conhecidas, cheios de gente feliz que se arrisca na aventura da lama e da areia para expor o corpo ao sol e ao mar. Nos carros viajam pessoas claras, brancas de pele e de cuidado, com os olhos brilhantes de excitação, de desejo de mais paisagens e de fartura, coisas próprias do sítio onde vivem.
Os negros que moram nas aldeias escondidas da estrada má e as pessoas claras que viajam de carro, têm uma enorme cumplicidade e vivem o equilíbrio de um ecossistema. Os negros pedem boleia, e se lhes recusam eles equilibram-se, à revelia e de forma camuflada, na traseira dos carros bonitos, potentes, de marcas conhecidas.As pessoas claras enchem-se do fascínio da existência dos negros e assim apanham boleia nas vidas deles para se sentirem a viver na rudeza e na agressividade do meio.
A estrada má não tem vergonha.
Exibe um espectáculo, de nome internacional, especialmente preparado, e que sustenta o equilibrado ecossistema das dunas e pântanos.
Dancing for sweeties começa logo depois dos primeiros metros de aventura, a seguir aos primeiros buracos profundos. Na beira da estrada espalham-se, ora à esquerda, ora à direita, grupos de ágeis bailarinos, mínimos de idade e de corpo, que fazem movimentos ondulantes, africanos, tribais. Não tem o espectáculo outra música que não seja a do motor dos carros bonitos, potentes, de marcas conhecidas; o ritmo é secreto, só percebido pelos bailarinos, que com os pés vão levantando a poeira que lhes caracteriza o olhar, o corpo e as roupas encardidas e desfeitas. Mas tem letra! Simples e facilmente inteligível: “sweeties, sweeties…”
O espectáculo desenrola-se depois com uma corrida dos bailarinos ao lado dos carros, gritando a letra, e com a participação das pessoas claras, brancas de pele e de cuidado, com os olhos brilhantes de excitação, que vão atirando doces e bolachas pelas janelas dos carros bonitos, potentes, de marcas conhecidas.Na estrada má, que não tem vergonha, de vez em quando surgem outros artistas que tentam a sua sorte, uma espécie de espécie menor que tenta sobreviver no ecossistema.
São artistas mais velhos, de carreira já terminada, cujo número é tapar as crateras da estrada com pedaços de lama, e por tal pedem sweeties, other sweeties . Ou outros ainda, que fazem lembrar atracções de circo decadente, que expõem mazelas na esperança de que os aplausos surjam em forma de quaisquer sweeties.
Quando a estrada má termina na praia, estacionam-se os carros bonitos, potentes, de marcas conhecidas, e a gente feliz ocupa a praia. Os negros já não dançam, a reprise será mais tarde na hora de regresso a casa, pela estrada má.Eu, que viajo num carro bonito, potente, de marca conhecida, acompanhada por pessoas brancas e de pele clara, pressinto o sabor amargo que nos invade a boca e nos raspa a língua. Os olhos que seguem ao meu lado cravam-se nos meus e respondo-lhe:
“I hate dancing!
I hate sweeties!”


Elisa Santos

18 outubro, 2008

POESIA



Há uma luz que cintila
no caminho.
Há um fogo que se espalha
pela terra.
Há uma lanterna que se acende
no tempo.
Há um facho de luz
em cada noite.
Há um olhar que brilha
diferente
pela vida.

01.04.08

17 outubro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Olá! meus Amigos,

Hoje não vos trago poesia, mas apenas algumas palavras que ainda estou muito cansado.
A vida tem-me reservado destas surpresas. Na luta por um mundo melhor, por vezes vejo-me por essa Europa fora. Desta vez fui até Dublin. Pensava comigo, que vos posso dizer da Irlanda? Não sei. Lembro um fim de tarde, sereno, tranquilo pelas ruas de Dublin caminhando com outro companheiro. Salvatore não fala português e eu não falo italiano, mas durante uma hora, falamos da vida, das injustiças, do trabalho, das leis que nos atingem e beneficiam os poderosos e estivemos de acordo, no Porto e em Milão, o objectivo é o mesmo. Depois, à volta de uma mesa e de umas cervejas, as comitivas, portuguesa, espanhola e italiana dialogavam sobre o que é o amor verdadeiro. Desistimos de ir jantar e no quarto de Alfredo, saboreamos, azeite da Andaluzia, chouriço de Guadarrama, salpicão de Valência e outras iguarias e pela noite dentro discutimos sobre sindicalismo, o presente e o futuro, que mensagem transmitir aos que virão a seguir. No dia seguinte, escutamos o patrão e se preocupados estávamos, preocupados ficamos. Lembrei-me apenas de lhe dizer que há pessoas que de manhã quando acordam programam o seu dia entre os índices Dow Jones e os índices do Nasdaq, enquanto que muitos outros quando se levantam e olham para o dia que se vai seguir, perguntam se vão ou não ter de comer, se vão ou não ter trabalho e continuei por mais 15 minutos sem me recordar bem já o que disse.
Ah! é verdade, a Irlanda. É como nos filmes. Talvez um pouco mais bonita. Verde, toda verde, muito ordenada, tudo feito há muito tempo, um movimento tranquilo e ao longe umas montanhas suaves. Um mundo quase perfeito.

Porto, 04 de Junho de 2004

16 outubro, 2008

LEITURAS


Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta.
Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.
De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.
Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista». Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos. Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos.
Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande.
Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.
O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.
É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também. Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum.
E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve.
Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.
Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisso não há evidentemente nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima e toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto.
Não é o desejo do amor que os une. O que os une é justamente uma vontade sem amor.
E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio, o mais firme fundamento do seu poder.

Ler Sophia é um prazer mesmo em prosa. Contos de histórias simples, metáforas de grandes tragédias e de vidas num tempo cujo regresso não mais se deseja, seduzem-nos do princípio ao fim, como este que aqui deixamos com o título, Retrato de Mónica.




12 outubro, 2008

POESIA


Que estrela voga no céu
atravessando a noite?
Que ponto brilhante
é aquele que se estende no tempo?
Será um sol?
Um olhar?

01.04.08

11 outubro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos

Vou falar-vos de um filme que ontem passou na TV, o qual nunca soube escrever o nome. Penso que o sei dizer, mas escrever... Braveheart (?), A sombra do guerreiro(?). Bem, não importa, já devem ter identificado. É um pouco a história da perda da independência da Escócia e tudo gira à volta de um homem apaixonado que em nome de um grande amor se torna um herói a lutar pela pátria em pleno século XIV e ali ficam tão evidentes as traições, a baixeza moral dos senhores que sempre detiveram o poder, esses nobres feudais que entregavam os verdadeiros homens em nome do seu poder pessoal, do seu poder territorial, em nome do seu feudo. Repetem-se cenas no filme que quase deixam ódio, um ódio enorme com um desejo de vingança. Prefiro chamar-lhe ira, essa ira que Mozart atribui a Deus no seu Requiem, porque Deus também se deve revoltar com a atitude desta gente sem nome, sem pátria e sem lei. Essa ira que vou alimentando ao longo da vida e que ajuda a todos os dias nos levantarmos com vontade de prosseguir um combate em nome da justiça, da dignidade e também da moral. No fim, dizia o herói, todos os homens morrem, mas nem todos vivem de facto. É verdade, uma parte considerável dos homens, limitam-se a morrer, de facto nunca viveram, porque quando se é miserável, não se vive, morre-se apenas. Preso, acorrentado, foi necessariamente condenado pelos homens, os que representavam a lei, da terra e de Deus. Os primeiros são miseráveis, os segundos são duplamente miseráveis, execráveis, daqueles que as revoluções matam sem piedade e sem remorso. Diziam-lhe estes últimos, para pedir misericórdia, caso contrário, teria de ser purificado através das torturas mais violentas. In nomine Dei! Incrível, como a história está cheia destes humúnculos. Continuam a existir e a ocupar os lugares do poder, quer tenham ar beatífico, santo ou de hipócritas, continuam a abençoar a injustiça a desigualdade, as violências psicológicas e económicas que todos os dias se abatem sobre os deserdados, a arraia-miúda de sempre. Claro que agora vestem roupagens democráticas, quer se chamem Bagão Félix, Melícias, Feitor Pinto ou outra coisa qualquer.
No fim, aparece aquele que iria ser o rei da Escócia por sobre os cadáveres de tanta gente do seu povo que deu a vida em nome da pátria e o comentário entre os senhores do exército inglês a quem aquele ia prestar homenagem não podia ser mais claro: "espero que tenhais limpo as botas, pois estão prestes a ser lambidas por um rei". Era o que valia aquele reinado. Porém, num último assomo de coragem e de dignidade esse que iria ser rei, assume o comando dos esfarrapados e em vez de prestar homenagem, decide imolar-se com a sua gente contra o exército inglês em nome de todo o sangue anteriormente derramado. Diz no filme que morreram como poetas guerreiros. Corria o ano de 1314 e a Escócia não voltou a ser livre.

LIRA QUEBRADA

Uma febre, um ardor nunca apagado,
Um querer sem motivo, um tédio à vida
Sem motivo também - caprichos loucos,
Anelo doutro mundo e doutras coisas;

Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
Correr após um bem logo esquecido,
Sentir amor e só topar frieza,
Cismar venturas e encontrar só dores.

GONÇALVES DIAS


"A minha tia Suzana era um pequeno oásis no meio da desolação daquele deserto sem sol. Sim, era um deserto sem sol e sem areia porque tudo estava sempre cheio de nuvens, a chuva deixando ficar a humidade no tempo e a minha memória, na sua autoflagelação, só me fazia recordar coisas passadas no Inverno."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"Mas há muitos casos em que as coisas são ainda melhores quando só acontecem depois de uma espera que foi tão longa que até já nos tínhamos esquecido delas."

CLARA PINTO CORREIA

Porto, 31 de Maio de 2004


10 outubro, 2008

LEITURAS


No início o leitor encontra-se em pleno século XVI, em Visegrad, cidade na fronteira entre a Sérvia e Bósnia. Mehmed-Paxá, Grão-vizir, sonha ainda com o dia em que, criança, foi separado da sua família cristã, obrigado a atravessar para a outra margem do rio. É essa criança que agora, décadas depois, convertido à fé do Islão, dá a ordem de construção de uma ponte sobre o rio Drina.
Esta é a história épica dessa ponte, e também dos que a cruzam. A sua edificação exigiu anos de trabalho árduo, lágrimas e sangue, sacrifícios e vítimas. Ao longo dos séculos a ponte foi local de passagem, de encontros, de conversas, de conspirações; sofreu inundações, foi encerrada para impedir o alastrar da peste, assistiu a suicídios; sobre ela transitaram exércitos em fuga e desfilaram outros vitoriosos; nela foram executados espiões; acompanhou o desmoronar de impérios e o nascer de novas nações…
Romance histórico, grande épico europeu, «A ponte sobre o Drina» pertence à categoria das obras incontornáveis da literatura mundial.

Ivo Andric, romancista, poeta, prémio Nobel de Literatura, nasceu na Bósnia em 1892. desde jovem mostrou grande interesse na política da sua época, tornando-se membro do movimento nacionalista progressista Mlada Bosna (Bósnia Jovem), chegando a ser preso por suspeita de conspiração no célebre assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, que originou a I Grande Guerra. Será dentro dos muros da prisão de Maribor, «humilhado como um verme» que escreve os seus primeiros poemas em prosa. A partir de 1920 inicia uma brilhante carreira diplomática que o leva a exercer cargos de destaque nas principais cidades europeias, ao mesmo tempo que vai publicando contos, poemas e relatos de viagem (como por exemplo, Portugal, zelena zemlja, «Portugal, terra verde»).
Os bombardeamentos sobre Belgrado na II Grande Guerra surpreenderam-no em Berlim enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros destacado na Alemanha do III Reich. Não aceita o asilo que os nazis lhe oferecem e regressa a uma Jugoslávia ocupada onde viverá em prisão domiciliária, recusando todos os convites para publicar. Morre em 1975, na Jugoslávia de Tito, acérrimo defensor do regime.
Personagem controverso devido à sua carreira política, Ivo Andric permanece com um dos nomes incontornáveis da literatura mundial. Publicada em mais de 20 países, amplamente elogiada pela crítica e leitores, a sua obra literária, «pela força épica com que retratou temas e representou os destinos humanos inspirados pela história do seu país» foi consagrada pela Academia Sueca em 1961 com o prémio Nobel. Para além de «A Ponte sobre o Drina», a Cavalo de Ferro traduziu do autor o romance, «O pátio maldito».

A Ponte sobre o Drina foi uma descoberta cativante e se de início foi repousante, rapidamente se tornou arrebatadora, nessa viagem pela vida centenária dos homens através de uma ponte. A convivência das religiões, a ocupação otomana, as regras para todos, apesar da ética religiosa impor comportamentos diferentes. O peso da Idade Média com o rigor da vida sagrada a condicionar e a amordaçar o espaço profano, os amores, as revoltas, os sonhos e os ideais de sucessivas gerações a sobrevoarem uma cidade de fronteira, de passagem e de cruzamento, tantas vezes litigioso, das ideias dos homens. A Ponte sobre o Drina é daqueles romances em que sentimos pena termos chegado ao fim da leitura.

08 outubro, 2008

POESIA


Queria que a vida fosse este instante
este tempo de paragem
de sossego.
Queria que a vida fosse esta tarde
este momento leve
de silêncio.
Queria que a vida fosse este momento
este leve sentir
do tempo.
Queria que a vida fosses tu
este calmo olhar
da natureza.


Amorim, 25.03.08

06 outubro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos,

Volto a falar de livros. Comecei a ler um livro sobre Leonor Teles. Esta Leonor é uma figura fascinante da nossa história. Ficou conhecida como aleivosa, mas hoje atribui-se esse qualificativo à pena de Fernão Lopes que teve de diminuir as suas qualidades morais como rainha-regente para enaltecer a figura do Mestre que viria a ser o primeiro rei da história a ascender ao poder através de uma revolução popular. O que não legitimava o direito, legitimou o povo. Diz-se que era alta, esbelta, bela, de olhos verdes, o estilo de mulher fatal. Diz-se também que o rei se apaixonou à primeira vista, mas tenho algumas dúvidas, pois se era uma questão de dormir com a senhora não precisava de ter casado. Pergunto-me se não terá sido ela que caçou o rei como forma de enriquecer os bens da família, esses poderosos Teles de Meneses oriundos de Castela onde se suspeita que nasceu a Leonor ao contrário das Crónicas que dizem ter sido em Trás-os-Montes certamente para lhe darem uma origem portuguesa.
Certo é que terá sido inteligente e arguta. Manobrou os homens e o poder e mais uma vez fica a dúvida se foi ou não amante do galego Andeiro. Foi a primeira mulher a ascender ao mais alto cargo do poder da monarquia mesmo como Regente e não se deixou vergar pelos revoltosos, apesar de ter de fugir para Alenquer e Santarém. O genro, o castelhano Juan, talvez assustado pelo poder que Leonor representava acabou por a desterrar para Tordesilhas e por ali ficou até morrer, embora creia que morreu antes em Toro que fica ao lado, mas essa parte já não tenho na memória. Pois comecei ontem a seguir a vida de Leonor.

SÚPLICA

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida, a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz, seria
Matar a sede com água salgada.

MIGUEL TORGA

"Hoje, não me rio de quem eu era porque me enterneço muito com aquela minha metade de menino tímido que acarinhava a sua melancolia como se a vida só se enobrecesse a explorar a tristeza e a solidão. Eu acho que era ainda um jogo de infância, já que fui criado a brincar com uma e com a outra e sou capaz de admitir que, se calhar, era uma brincadeira boa, porque detrás daquele jogo talvez estivesse o melhor caminho que, nesse tempo, nos levava para dentro do peito, à procura do sentido da vida."

ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA, in "Tia Suzana Meu Amor"

"Paisagem com lua cheia e um cão a uivar.
Se em vez de um cão for um lobo não faz grande diferença porque está longe:
Eu num penedo. Um ventinho gelado nas costas e um vale em socalcos que se afunda à minha frente. Do outro lado toda a encosta se agita numa surdina de ramos que não distingo. Tudo negro e impreciso. Por cima uma carrada de estrelas. O vulto escuro do meu carro parado mais adiante.
Um quadro.
O cão uiva e as árvores emaranham as copas ao vento sempre da mesma maneira. O tempo não passa. E eu aqui, imóvel. Nem um pensamento sequer, para que nada se altere."

JOÃO DE MELO, in "Um Homem Suspenso"

Porto, 28 de Maio de 2004

05 outubro, 2008

LEITURAS


Este romance começa precisamente onde acabam As Mil e Uma Noites.
O sultão depois de ter ouvido, durante quase três anos, as histórias de Xeradaze, decide casar-se com ela. Todos crêem que, graças à sua habilidade como contadora de histórias, Xeradaze salvou a vida e semeou o amor e a piedade no coração do sultão, pelo que, daí por diante, a paz e a harmonia reinarão no país.
Contudo, a mudança foi apenas superficial e o sultão, afinal, continuo a desconhecer a compaixão, o amor e a justiça, mantendo-se um homem poderoso, mas sem consciência. Como elevar a sua alma e ressuscitar-lhe a consciência? Só através de uma série de acontecimentos dilacerantes que lhe ensinarão o verdadeiro sentido do poder…
Em As noites das Mil e Uma Noites, toda a narração é uma alegoria rica de magia, de pormenores, do fantástico mundo árabe antigo e contemporâneo, com todos os seus conflitos políticos e religiosos.
Nas próprias palavras do grande autor egípcio, As Noites das Mil e Uma Noites «é do mais importante que escrevi em toda a minha vida; nele se misturam a tradição com a modernidade, a realidade com a lenda».

do Livro



Naguib Mahfouz
Nasceu no Egipto, em 1911, no bairro cairota de Gamalyya. O mais novo de sete irmãos, estudou na King Faud I University (hoje Universidade do Cairo). Quando ainda no liceu, adquiriu profundos conhecimentos da literatura árabe medieval. Visando aprofundar os seus conhecimentos de língua inglesa, traduziu para árabe a obra de James Baikie, Ancient Egipt, em 1932. Após a graduação, escreveu mais de 80 short stories nos seis anos seguintes. A sua colecção A Whisper of Madness apareceu em 1938. Entre 1939 e 1954, publicou 3 volumes de uma série de 40 novelas históricas passadas no período faraónico. Abandonou então este projecto e dedicou-se aos livros de ficção e guiões cinematográficos.
Considerado pela crítica como um dos melhores escritores árabes de sempre, em 1988, depois de ter sido distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, tornou-se um dos autores mais admirados pelos leitores ocidentais.

É de facto um livro admirável, pela linguagem, pelo encanto, por essa forma de adorar a Deus tão particular dos árabes, com a sua dedicação, a sua obediência e a préstimo à oração. É uma viagem ao mundo do sonho carregado de preceitos morais e da luta entre o bem e o mal, mostrando-nos essa tentação pelo mal que alcança os homens do poder, mas que não deixa de atingir os pobres, tão famintos estão que se abandonam a essa tentação do mal. É uma leitura deliciosa do início ao fim.

04 outubro, 2008

POESIA


Queria amar-te assim
A cada instante.
Sentir-te nos meus braços
como um feitiço
queria amar-te assim
assim como te conheço
doce, terna e pura.

21.02.08

03 outubro, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, meus Amigos

Bem sei que hoje só se fala do FCP, mas eu vou falar de livros. Acabei de ler o Ensaio sobre a Lucidez do Saramago. Ia a dizer que por vezes me cansa aquela escrita com personagens sem nomes, mas isso tem a ver com as leituras anteriores. Vinha de ler dois livros bem distintos e senti aquele impacto da diferença. Bem a história já vocês a ouviram. Numa eleição os votos brancos são 80% dos votos contados e o regime entra em crise. O que ele nos mostra é que o sistema está preparado para a alternância e não para a alternativa, ou seja, o que nós chamamos democracia é aquele, agora comes tu, agora como eu e às vezes, agora comes tu mais eu. O que acontece é que se por um virar da história ganha outro, o sistema entra em crise e em rotura. Normalmente vira golpe de estado. No livro como era apenas uma cidade, virou estado de sítio. Conhecem algum país onde tenha ganho um partido que não os dois de sempre - já repararam que existem sempre dois que representam essencialmente os mesmos interesses? - que de seguida não tenha entrado em crise até ao seu derrube? Não, não conhecem. A história é sempre essa. Lembram-se aqui em Portugal quando o Partido do Eanes chegou a aproximar-se dos 20%? Desapareceu de seguida. Por isso, dizia o Churchill que a democracia era o pior regime do mundo, mas não conhecia outro melhor. Pudera. É o único que mantém os senhores de sempre no poder. É uma espécie de monarquia em que muda o rei, mas mantêm-se o castelo. O que o livro vem mostrar é que se por uma razão desconhecida funciona a alternativa e não a alternância, o regime vai abaixo e acaba a matar quem defende a verdade como diferença da mentira que pretende esconder ou adulterar o que é a realidade. Claro que não dá solução, pois a verdadeira democracia, aquela que nos há-de representar, tem de ser uma procura de todos nós.

"Na minha pátria há um monte.
Corre na minha pátria um rio.

Vem comigo.

A noite sobe ao monte.
A fome desce o rio.

Vem comigo.

Quem são os que padecem?
Não sei, sei que são meus:

Vem comigo.

Não sei, porém me chamam
e me dizem: "Sofremos".

Vem comigo.

E me dizem: "Teu povo,
teu povo deserdado,
entre o mundo e o rio,

com fome e com dores,
não quer lutar sozinho
está-te esperando, amigo".

Oh tu, a que amo,
pequena, grão vermelho
de trigo,
a luta será dura,
a vida será dura,
mas tu virás comigo."

PABLO NERUDA, "Os Versos do Capitão", in "Presentes de um Poeta"

"É como com a flor. Quando se ama uma flor que está plantada numa estrela, é bom olhar para o céu, à noite. É que todas as estrelas ficam floridas..."

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"

INTELIGÊNCIA, SENSO COMUM E AFECTO

"O facto de vivermos numa sociedade doente, não significa que tenhamos de estar necessariamente contagiados.
A revista "Nature Neuroscience", do mês de Agosto, publica um estudo onde se faz uma relação directa entre o carinho e a inteligência. Descobriu-se cientificamente que os afectos maternos estimulam as ligações neuronais, o que leva a uma melhor aprendizagem e a um aumento de inteligência e da memória.
Nos animais em estudo abrangidos pelo afecto, detectou-se um maior número de receptores e neurotransmissores, e naqueles que revelavam fracas aptidões por privação de carinhos, depois de sujeitos ao afecto, as ligações neuronais aumentaram.
Se compararmos este estudo com os dados agora publicados em Portugal de que a venda de anti-depressivos no nosso país aumentou 104% em quatro anos (passando de 1,5 milhões, em 1994, para três milhões em 1998), encontramos de imediato um dado comum: que a doença que nos afecta provém muito mais de nós, do que das relações psicosociais.
Se o carinho influencia as instruções genéticas, o curioso é que nós mesmos servimos de bloqueadores de indução do afecto, e isso é um total paradoxo, porque na prática significa que preferimos estar doentes do que sermos socialmente incorrectos.
Será inteligente uma pessoa que abafa ou aprisiona dentro de si aquilo que é ou gostaria de ser, para se tornar subserviente de um mero status? Rir é uma palhaçada? Usar um humor despretensioso e sadio, sem nos importarmos muito com as hipersensibilidades alheias, é uma ofensa? Revelarmos os nossos fracassos e dizermos os nossos feitos é fraqueza e vaidade? Darmos afecto e aceitar manifestações de carinho, é infantil? Reviver brincadeiras, só supostamente dedicadas a determinadas alturas da vida, é estarmos senis?
Confundimos tudo isto com patetice, mas patéticas são, afinal, as nossas atitudes. O senso comum é o inimigo mais mortífero que conheço, e se dúvidas tivesse, bastar-me-ia saber que há pessoas que gostam de pagar preços elevadíssimos para ter um personagem e não uma vida!

dos Jornais

Porto, 27 de Maio de 2004

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