Sede de Infinito

Infinito é o que se encontra para além de tudo, do conhecimento, da imaginação, do alcance da mão. Ter sede do que se encontra para lá da linha do horizonte é a imensa vontade de alcançar o que não vemos, o que não possuímos, o que não conhecemos, é por fim, uma forma de perseguir o saber e o conhecimento, se assim o desejarmos, conduzir o sonho através do tempo.

09 abril, 2008

POESIA


Esta é a hora da saudade
o tempo em que o teu olhar
é um oceano vivo
e abraça o sol.

Esta é a hora em que te recordo
com a leveza da primavera
transformada em planície
de flores.

Esta é a hora em que a dor magoa
a alma que recolhe os traços
ternos do teu rosto.

Esta é a hora em que o mar se imobiliza
o sol estende os braços de luz
e a vida tem apenas um rosto.

Leça da Palmeira, 02.04.08

07 abril, 2008

LEITURAS


No estado espanhol é o juiz Baltazar Garzon que diz o que é e o que não é democrático e em nome de combater a estupidez da ETA, reduz o País Vasco a um debate onde apenas falam as pedras. Já não chega apoiar o terrorismo, basta que o juiz entenda que lhe pareça que podem estar a apoiar. A presunção de inocência desapareceu no estado espanhol. Só que este juiz justiceiro marcha a toque de tambor do Partido Popular e das campanhas eleitorais que se desenvolvem no estado. A isto chama-se democracia. É o governo deste mesmo estado que nega a autodeterminação aos povos que o compõem que não hesitou um segundo em reconhecer as independências das nações que resultaram da destruição da Jugoslávia, mesmo quando se tratou de nações inexistentes como é o caso da Bósnia-Herzegovina.
Desde o início da década de noventa procurei seguir e conhecer o drama dos povos jugoslavos. Diversos trabalhos de jornalistas portugueses demonstraram que a diabolização do povo sérvio e do seu presidente visavam a fragmentação da Jugoslávia, primeiro e da Sérvia depois. O processo continua.
Em Novembro último, apareceu nas bancas mais um trabalho sobre a tragédia que continua a desenrolar-se nos Balcãs. Em “O Sobrevento Jugoslavo”, o seu autor, José Manuel Arsénio, pretende relatar “a tragédia balcânica” que presenciou. Ingressado na carreira diplomática em 1974 é ainda um alto quadro do M.N.E.. Foi chefe da delegação portuguesa junto da Missão de Monitores da Comunidade Europeia, em Zagreb entre fins de 1992 e meados de 1995. É, portanto, o depoimento de um homem bem colocado no terreno e insuspeito do ponto de vista de uma visão que pudesse favorecer os sérvios e Milosevic.
O seu trabalho é uma obra incontornável para se compreender a manta de mentiras que cobriram o conflito que envolveu os povos da antiga Ilíria. Com palavras simples e num tom dialogante e compreensivo, arrasa o papel dos Presidentes da Croácia e muçulmano da Bósnia Herzegovina, para além das mentiras que emanavam dos governos inglês, francês e alemão, e ainda das manobras maquiavélicas dos EUA. Os intrujões do Iraque treinaram-se aqui. Quando em Dayton os sérvios da Bósnia são colocados de joelhos com a colaboração de Milosevic, contrariamente à imagem que deste sempre foi passada, ainda se construíram monstruosidades como o massacre de dez mil muçulmanos da cidade de Srebrenica o qual ainda hoje continua a ser passado como se de uma verdade se tratasse. Este embaixador chamou-lhe, “a mitificação”. Para uma melhor compreensão deste cenário, ou de como é possível, inventar tragédias para destruir adversários, povos e nações, nada melhor que citar o autor: “Numa guerra de tão sanguinolenta confrontação interétnica, em que foram impiedosamente acometidos inúmeros agregados humanos – desde a destruição de Vukovar até à devastação de Knin, passando pelo derribamento do sector muçulmano de Mostar e das cidades croatas no Vale do Lasva, com extensão aos morticínios de Tuzla e da bolsa de Pakrac, sem esquecer os massacres de Stupni Do, de Doljan e das aldeias sérvias da bolsa de Medak (para evocar apenas alguns exemplos) -, o insistente clamor político e mediático em torno de Srebrenica, erguido por certos países ocidentais, teve o claro objectivo de abominar os sérvios, proteger os muçulmanos e eximir os croatas, com o intuito de insuflar na psique colectiva das opiniões públicas um generalizado sentimento condenatório dos sérvios, (…) Colhe-se, assim, a sensação de que os Estados Unidos, mais do que tentarem demonstrar que a população de Srebrenica fora alvo de um massacre, antes se preocuparam em suprimir as provas de que tal massacre jamais havia ocorrido. (…) No tocante a Srebrenica, pelo contrário, todos os dados vindos a lume permaneceram sempre envoltos em névoas de incerteza, dúvida e imprecisão, com o número de mortos a ser apurado por um mui questionável método de aproximação por excesso, com base em provas materiais e documentais que pecavam largamente por defeito.”
A Europa encontra-se a ser governada por políticos miseráveis que roçam o crime. No território da Jugoslávia montaram uma farsa que não pôde impedir os povos de conhecer a verdade dos factos. Porém, nem assim se coibiram. Quatro anos depois, devastaram a nação sérvia e posteriormente assassinaram aquele que havia sido seu presidente numa das prisões do império quando as declarações deste ameaçaram fazer ruir o castelo de areia que tinham erguido.
A farsa continua hoje com a chamada declaração de independência de um estado que não existe a que deram o nome de Kosovo. Agora, finalmente o estado espanhol percebeu que o tecto lhe podia cair em cima da cabeça e recuou atabalhoadamente.
Há quem chame a tudo isto democracia, ou que esta possa justificar todas as torpezas. São opiniões.

06 abril, 2008

POESIA AO AMANHECER


Bom dia, Amigos

Pois é verdade, há três dias que não vos visitava. Na 4ª Feira decidi ir por aí abaixo, usufruindo estes amanheceres quase tranquilos e cheguei tarde (é só meia verdade) e ontem fui até à capital que é uma viagem que devemos fazer de vez em quando para continuarmos a ter a certeza de que o Porto é muito bonito. Não vou escrever muito, porque estou cansado. Tomei, ontem, um comprimido para dormir e acordei acordado com uma crise do nariz.

MENINO DO BAIRRO NEGRO

Olha o sol que vai nascendo
Andar ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz

Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também

Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Olha o sol que vai nascendo
..............

Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti

Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver

Negro bairro negro
..............

JOSÉ AFONSO, in
"O Nosso Amargo Cancioneiro"

" - Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. às quatro em ponto já hei-se estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-se começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... São precisos rituais."

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY, in "O Principezinho"

"Maio de 2003: a rapidez com que se concretizara a ocupação do Iraque (à custa de bombardeamentos devastadores sobre estruturas materiais e populações civis) enchia de júbilo arrogante os próceres do "império" e seus fiéis capatazes "mediáticos" em diversos países, entre os quais Portugal. O sofisma da "democracia da bomba" constitui uma violência tão flagrante à inteligência das pessoas que a grande maioria dos "media" televisivos, enquanto durava a "intervenção humanitária", não podia sequer dar-se ao luxo de permitir que os seus comentadores convidados (alguns de peito medalhado) fossem confrontados com qualquer opinião diferente, mesmo que timidamente expressa."

RONALDO FONSECA, "A agressão militar no Iraque", in "Ideias à Esquerda", nº 3

Porto, 30 de Abril de 2004

04 abril, 2008

POESIA


Queria que as minhas palavras
fossem naus aventureiras
que sulcassem o teu olhar.

Queria que os meus cânticos
navegassem pelo teu sorriso
aberto e puro.

Queria que as minhas mãos
fossem remos em movimento
de carícia pelo teu rosto.

Mas só posso ir
até onde me chamares
e o teu silêncio
não me chama a lado algum.

04.04.2008

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